O técnico-adjunto do campeão francês e duas outras vítimas foram prejudicados em mais de 17 mil euros com falsos honorários em ação na FIFA que nunca existiu.
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O Ministério Público (MP) de Famalicão acusou o advogado Duarte Costa e o empresário de futebol Rodolfo Filipe Vaz do crime de abuso de confiança agravado, por alegadamente terem burlado os treinadores de futebol, Jorge Maciel, adjunto do Lille FC, Baltemar Brito e José Moreira. O jurista, a viver em Setúbal, mas com escritório em Lisboa, está ainda acusado de um crime de burla qualificada, quatro de falsificação de documento e três de prevaricação de advogado.
O MP concluiu que os dois terão burlado os técnicos em 14 mil euros de honorários e de traduções e ainda em 4 mil francos suíços, (3240 euros) em taxas de Justiça da FIFA, para a entrada de uma suposta petição contra o clube líbio All Itthiad Sports Cultural Club, de Trípoli. Só que a queixa na FIFA nunca entrou, nem este organismo cobra taxas por ações semelhantes. As traduções não existiram e o advogado ter-se-á limitado a negociar com os líbios, à sua revelia.
Em 2013, a equipa técnica - com Baltemar Brito como treinador principal - aceitou convite para treinar o All Itthiad, função que assumiram durante quatro meses, tendo sido despedidos sem causa. No All Itthiad, Jorge Maciel "preparava os jogos, apoiava o técnico principal na comunicação com os atletas, nas listas de convocados e de reforços e também servia de escudo face à Comunicação Social", adianta o MP.
Em 2014, já em Portugal, através do agente Rodolfo Vaz, o trio contactou Duarte Costa, que lhes pediu as verbas e garantiu ter metido uma ação na FIFA, tendo mesmo, em dezembro, informado que o clube já teria sido citado para deduzir contestação.
Em outubro de 2014, remeteu a Maciel uma decisão favorável da FIFA, condenando o clube ao pagamento de 72 mil euros ao atual técnico-adjunto do Lille. Mais tarde, anunciou-lhe que fizera um acordo com os líbios por 65 mil euros. Mas o dinheiro nunca chegou e a "decisão" da FIFA não existia.
Desconfiado, Maciel contratou o advogado João Magalhães, de Braga, e este descobriu que nada entrara na FIFA. Após estas novas diligências, o organismo mundial obrigou o All Itthiad a pagar 45 mil euros a Maciel e 150 a Baltemar Brito.
Arquivamento
A queixa inicial dizia que os dois arguidos ficaram com 65 mil euros alegadamente pagos, em 2014, pelo clube líbio. Mas o MP arquivou a denúncia por falta de provas.
Campeão no Lille
Jorge Maciel, natural de Barcelos mas a viver em Matosinhos, comandou a equipa dos sub-23 do Benfica, treinou no Japão, e é agora adjunto no Lille FC de França, onde foi campeão.