Testemunhas descreveram roubos de "China" e comparsas. Assaltante riu-se em tribunal mas depois pediu desculpa.
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Catarina Pereira estava prestes a deixar o cabeleireiro onde é cliente, em Famalicão, quando dois homens entraram de rompante, armados com uma faca, a dizer que era um assalto. Queriam dinheiro. Aconteceu em setembro do ano passado.
"Foi um assalto violento e traumatizante", disse a vítima, na quinta-feira, no Tribunal de Guimarães, no julgamento de Sérgio, conhecido por "China", Vítor ("Tejo") e Ana, namorada de "China", acusados de múltiplos roubos a cabeleireiros e postos de abastecimento de combustíveis, no norte do país.
"Houve uma altura que pensei: ele vai espetar a faca e vamos morrer todos aqui", afirmou a testemunha, que quis falar sem a presença dos arguidos. "Eles estavam muito agitados, agressivos, estavam loucos", relatou, contando que um deles, que não conseguiu especificar, empunhava uma arma branca.
Rafael Carvalho, outra vítima que à data também se encontrava no estabelecimento, disse que os dois assaltantes pareciam estar "bastante alterados", sem lucidez.
"China" não quis prestar declarações. Já Vítor "Tejo" confirmou os crimes. Mas, perante alguns factos que constam da acusação, foi evasivo: "é capaz..." e "se está aí escrito...". Perante este tipo de respostas, o juiz repreendeu o arguido, lembrando-lhe que só falaria se quisesse. Ao ouvir o comparsa, "China" chegou a soltar uma gargalhada e a comentar "é absurdo". Pediu desculpa mais tarde.
Salvaguardando que havia pormenores que não recordava, "Tejo" notou que apenas procuravam dinheiro. Não soube explicar porque roubavam outros objetos, como máquinas de cortar cabelo.
Acrescentou que os ataques não eram planeados e só eram efetuados quando não tinham dinheiro. "Eram coisas do momento", afirmou. Disse ter conhecido Ana e Sérgio no bairro do Picoto, em Braga. A partir daí, começaram a consumir droga juntos.
Vítor notou que a Ana "andava" com eles e ficava de vigia "se quisesse". E acrescentou que sabia que "China" esteve três anos sem consumir estupefacientes e a trabalhar na Alemanha.