Alda Guterres, Cássia Círiaco e Celestina Ferreira. Estas são apenas três nomes das 22 mulheres que, entre 1 de janeiro e 15 de novembro deste ano, foram assassinadas em contexto de violência doméstica. Todas foram mortas por homens com quem mantinham ou tinham tido uma relação de intimidade. A contagem foi feita pelo Observatório de Mulheres Assassinadas, organismo da UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta, que contabilizou ainda 35 tentativas de femicídio no mesmo período.
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Os números apresentados nesta terça-feira, no Porto, mostram que das 28 mulheres assassinadas nos últimos 11 meses, 22 morreram em contexto de violência doméstica. A maioria das vítimas tinha entre 36 e 50 anos, estava empregada e quase todas eram mães.
Os femicídios ocorreram, sobretudo, na casa da vítima e em nove dos casos foram cometidos com recurso a arma de fogo. Noutras situações, foram usadas facas, mas também houve crimes em que a mulher foi morta por asfixia, estrangulamento ou com uma garrafa de vidro.
Em mais de metade dos casos havia violência prévia
Segundo os dados do Observatório de Mulheres Assassinadas, em mais de metade dos femicídios já havia violência prévia entre agressor e vítima, sendo que em sete já tinham sido efetuadas denúncias às autoridades e em cinco foram registadas ameaças de morte. Nada disto impediu, contudo, que o crime fosse consumado.
Aliás, entre os homicidas sinalizados, três já contavam com historial violência doméstica. Após o crime, oito dos agressores suicidaram-se, dois sobreviveram a tentativa de suicídio e um morreu acidentalmente.
Neste momento, 12 destes assassinos estão a aguardar julgamento em prisão preventiva, um está internado em hospital psiquiátrico e outro ficou sujeito a apresentações periódicas à Polícia.
Quase 50 mulheres escaparam da morte
Aos casos que terminaram em morte, o Observatório de Mulheres Assassinadas juntou 35 tentativas de femicídio. Uma das vítimas era uma criança e duas foram atacadas por familiares. As restantes, 32, foram agredidas por companheiros ou antigos parceiros.
Em Portugal, só este ano e contando com os casos de violência doméstica, 48 mulheres foram alvo de tentativa de homicídio.
Lisboa, com dez tentativas de femicídio e quatro tentativas de assassinato noutros contexto, foi o distrito onde ocorreram mais crimes.