“Até Sua Santidade perceberá como é que as forças de segurança são tratadas em Portugal”
O secretário da Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, César Nogueira, disse, nesta segunda-feira, que quer aproveitar a Jornada Mundial da Juventude para denunciar problemas na GNR, PSP, ASAE, Guarda Prisional e Polícia Marítima.
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Numa conferência de imprensa realizada no Porto, a Comissão Coordenadora anunciou que Guarda Prisional e ASAE vão avançar com uma greve em 24, 25 e 26 de julho, dias que antecedem o início do evento que atrairá centenas de milhares de fiéis a Portugal. Já as forças de segurança que, por lei, estão impedidas de fazer greve vão apostar em ações de rua e de protesto nos aeroportos de Porto, Lisboa e Faro, no porto de Lisboa, na estação de comboios da Gare do Oriente, também em Lisboa, e em vários pontos da fronteira ainda por definir. Estas ações irão decorrer entre 1 e 6 de agosto, período em que decorrerá a Jornada Mundial da Juventude.
Um dos momentos altos desta ação reivindicativa está marcado para o segundo dia do evento. “Vamos estar todo o dia em frente à residência oficial do presidente da República e iremos manifestar-nos quando Marcelo Rebelo de Sousa receber o Papa”, revelou César Nogueira.
O também presidente da Associação dos Profissionais da Guarda promete outras iniciativas, mas prefere guardar segredo para surpreender os governantes. “Temos de ser criativos”, alegou.
Exigido aumento de salários
Rodeado do presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Santos, do presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, Carlos Sousa, do presidente da Associação Sócio Profissional da Polícia Marítima, Aníbal Rosa, e do vice-presidente da ASAE, Bernardo Marcelino, César Nogueira explicou que o protesto pretende “transmitir a mensagem, a quem vem de fora, que as forças de segurança portuguesas estão desmotivadas e não estão a ser respeitadas”.
“Ninguém consegue viver com o ordenado que tinha há dez anos. As forças de segurança estão no limite”, exemplificou. Por este motivo, uma das reivindicações da Comissão Coordenadora é a atualização dos vencimentos através da revisão do estatuto remuneratório. Outras exigências são o reforço dos diferentes efetivos das forças de segurança e a diminuição da percentagem dos descontos efetuados para o subsistema de saúde.
Segurança garantida, mesmo com atrasos na resposta
Aos jornalistas, a Comissão Coordenadora assegurou que não pretende pôr em causa a segurança da Jornada Mundial da Juventude e César Nogueira até está convencido que o evento “irá correr bem”. Mesmo assim, critica a falta de informação sobre os procedimentos e planos de segurança a adotar na primeira semana de agosto. “Não sabemos o que vai acontecer. No nosso país, as coisas fazem-se sempre em cima do joelho”, lamentou.
As forças de segurança acreditam, igualmente, que, apesar da concentração de polícias em Lisboa, a segurança do resto do país ficará garantida. Mas, disse o porta-voz, sustentada no profissionalismo dos polícias. “Todas as ocorrências serão respondidas. Logicamente, haverá situações em que será preciso esperar algum tempo pela patrulha, mas a falta e a má gestão do efetivo não é uma questão nova”, defende César Nogueira.