Bruno de Carvalho diz que Cândida Vilar está a fazer comício para as legislativas
A procuradora Cândida Vilar respondia esta manhã no Campus da Justiça a um requerimento do advogado Melo Alves, que contestava a forma como o inquérito do ataque à Academia do Sporting foi conduzido, quando Bruno de Carvalho, sentado entre os arguidos, desabafou: "A senhora está a fazer comício para as legislativas".
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A afirmação não chegou aos ouvidos de Cândida Vilar, que não reagiu, mas foi suficiente para que o juiz Carlos Delca repreendesse o ex-presidente do Sporting: "Senhor Bruno, não lhe digo outra vez para estar calado, você não está aqui para conversar".
A parte da manhã do arranque do debate instrutório do processo de Alcochete foi preenchida por requerimentos das defesas dos arguidos envolvidos no ataque à Academia de Alcochete. Melo Alves pediu a nulidade das provas obtidas pela consulta dos dados das operadoras de telecomunicações em Alcochete e contestou a delegação da investigação na GNR e não na PJ, como a lei define.
O requerimento foi subscrito por 15 mandatários, tendo Sandra Cristina, advogada de, entre outros, Fernando Mendes, pedido a nulidade da prova obtida através dos telemóveis.
Cândida Vilar respondeu ao requerimento, alegando que a PJ não esteve no local porque não quis e que está a responder a um inquérito disciplinar depois de uma queixa do Diretor Nacional da PJ à Procuradoria-Geral da República. Cândida Vilar considerou legítima a forma como os arguidos foram identificados e disse que como tutelar do processo, tem independência para decidir com qual o órgão de polícia criminal quer trabalhar. O juiz Carlos Delca vai esta tarde pronunciar-se em relação aos requerimentos.
Neste processo tutelado pelo DIAP de Lisboa, são acusados 44 arguidos, entre eles Bruno de Carvalho, o ex-oficial de Ligação aos Adeptos Bruno Jacinto e o ex-líder e o líder da Juve Leo, Fernando Mendes e Nuno Mendes, tidos como autores morais do ataque à Academia. No total, o Ministério Público imputa aos arguidos crimes de terrorismo, sequestro, ofensa à integridade física qualificada e ameaça agravada.
Os arguidos vão tentar nesta fase processual que Carlos Delca não os pronuncie pelos crimes pelos quais estão acusados por Cândida Vilar, libertando-os com uma decisão instrutória favorável aos mesmos. A par dessa decisão, o juiz do Tribunal do Barreiro vai ainda reanalisar as medidas de coação proferidas aquando a detenção dos arguidos.