Dois brasileiros foram atacados a murro e pontapé por grupo com cerca de dez elementos, no Cais de Gaia. Não houve qualquer tentativa de roubo.
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Dois brasileiros foram agredidos a murro e pontapé por um grupo com cerca de dez jovens, no Cais de Gaia, na madrugada de sábado. As vítimas, que receberam assistência no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, estão convencidas de que foram atacadas por motivos xenófobos, racistas e homofóbicos e preparam-se para abandonar Portugal.
Bruno Marcelino, especialista em Ciência Política e Estudos Sociais Interdisciplinares de Europa e América Latina, chegou ao Porto há dois meses. Viajou na companhia do namorado, o cozinheiro Kaique Soares, com a intenção de fixar morada na cidade e criar uma empresa. Já tinha, inclusive, formalizado a candidatura a apoios do Estado português.
Contudo, vai desistir de tudo e mudar-se para outro país que considere mais seguro. “Há cada vez mais agressões a brasileiros em Portugal”, alega.
Com 31 anos, Bruno Marcelino e Kaique Soares, 23, estiveram num bar do Cais de Gaia até pouco depois das 3 horas de sábado. “Saímos, caminhámos em direção à ponte [Luís I] e passámos por um grupo de cerca de dez jovens, entre os 15 e os 25 anos”, recorda.
Um dos elementos desse grupo, descreve Bruno Marcelino, foi ao seu encontro, pediu 10 euros e, perante a recusa, desferiu-lhe um murro na cara. “Tentámos fugir, mas vieram todos atrás de nós e mal nos apanharam começaram a agredir-nos”, conta. Bruno e Kaique garantem que foram atacados, durante cerca de cinco minutos, com pontapés e murros.
Não tentaram roubar
“Só pararam quando um dos rapazes disse que já chegava. Nessa altura, voltámos a fugir e escondemo-nos numa rua ali perto”, recorda. Foi daí que as vítimas chamaram a PSP que, quando chegou ao local, abordou quatro dos membros do grupo antes de Bruno e Kaique serem levados ao hospital.
“Não sei se chegaram a ser detidos. Hoje [terça-feira], fui à esquadra e disseram-me que, como se tratava de um crime público, o caso ia direto para o tribunal”, afirma.
Ainda ao JN, Bruno Marcelino assegura que a agressão que sofreu foi motivada por questões “xenófobas, racistas e homofóbicas”. “Não levaram nada, nem tentaram roubar as carteiras ou os telemóveis”, justifica.