Os 21 agentes foram suspensos, por terem recusado ordem. Ministro da Administração Interna ratificou decisão do anterior diretor nacional da PSP.
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Vinte e um agentes de um pelotão do Corpo de Intervenção (CI) da PSP foram castigados com 150 e 180 dias de suspensão. A sanção foi aplicada pela direção nacional da PSP ainda liderada pelo superintendente-chefe Luís Farinha e ratificada, agora, pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.
Os polícias não cumpriram uma ordem, alegando que não fazia parte das suas funções integrar o dispositivo de segurança, pago pela entidade organizadora, montado para o interior do Estádio Cidade de Barcelos, onde Gil Vicente recebeu o F. C. Porto, em agosto de 2017.
O desafio foi sujeito a um plano de segurança criado pelo Comando Distrital de Braga da PSP, que incluiu dezenas de polícias em serviço gratificado e, por esse motivo, pagos pela entidade organizadora. O Comando Distrital entendeu ser necessário acionar também o CI, mas ao contrário dos colegas, estes agentes não iriam receber "horas extraordinárias" pagas pela organização.
Uma vez em Barcelos, o pelotão posicionou-se no exterior do estádio, mas receberia ordens para se deslocar para o interior do recinto. A primeira foi dada pelo oficial responsável pelo CI e a segunda pelo então comandante distrital de Braga da PSP, superintendente Pedro Teles, mas ambas foram recusadas.
Ao JN, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Santos, explica que os agentes alegaram que a sua função era intervir em caso de perturbação da ordem pública e que a integração no dispositivo de segurança montado no interior do estádio não cumpria "os pressupostos da sua atuação". Recusaram, assim, avançar.
Esta tomada de posição surgiu na sequência de vários episódios semelhantes e originou a instauração de um processo disciplinar aos 21 elementos do pelotão, que culminou com um castigo de 150 dias de suspensão (um chefe foi punido com mais 30 dias). Os polícias, apoiados pela ASPP/PSP, recorreram para o Ministério da Administração Interna, mas Eduardo Cabrita não viu motivo para anular a decisão. Para Paulo Santos, "esta pena nunca deveria ter acontecido".
Reações
PSP confirma
"A PSP confirma que 21 polícias da UEP no Porto se encontram a cumprir penas disciplinares de suspensão. O cumprimento das sanções iniciou-se após as conclusões dos processos terem sido confirmadas pelas instâncias recorridas", refere a atual Direção Nacional da PSP.
Serviço pago
"Essa luta levou a que o mesmo serviço que os polícias recusaram seja, desde há ano e meio, pago como gratificado", frisa Paulo Santos.