Cliente de discoteca foi agredido por fuzileiros que terão matado Fábio Guerra
Cláudio Pereira foi agredido por Cláudio Coimbra e Vadym Hrynko na noite em que Fábio Guerra foi morto à pancada. A testemunha conta em tribunal que foi agredido pelos dois fuzileiros dentro da discoteca Mome com uma cabeçada, murros, e no exterior perdeu os sentidos após novas agressões, murros e pontapés na cabeça.
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A testemunha diz que estava dentro da discoteca quando começaram os confrontos sem qualquer aviso. "Do nada levei uma cabeçada e um murro por Cláudio e Vadym. Fui expulso pelo segurança e fiquei à espera do Cláudio cá fora para ajustar contas".
Volvidos 20 minutos, quando avistou Cláudio à porta da discoteca, a testemunha foi na sua direção e esmurrou-o. "Logo a seguir levo um murro de Vadym e caio ao chão, onde levei pontapés e perdi os sentidos", conta Cláudio Pereira.
Foi neste momento que Fábio Guerra e outros quatro agentes da PSP intervieram para cessar as agressões. "Não vi mais nada, acordei pouco depois e já não estavam lá os agressores", disse.
Testemunha de agressão mortal diz que luta "não era de meninos"
Miguel Encarnação estava junto à discoteca Mome na noite em que Fábio Guerra foi morto à pancada. A testemunha disse, esta terça-feira, em tribunal que pensou intervir para parar as agressões, mas que parou assim que percebeu que "a luta não era de meninos".
"Num primeiro momento quando vi várias pessoas na luta dei um passo para intervir, mas quando vi a violência com que eram dados os murros e pontapés retrai-me", disse Miguel Encarnação. A testemunha diz ainda que foi muito rápido e que não ouviu ninguém anunciar-se como agente da PSP.
"Não consegui sequer perceber se se tratavam de grupos ou de várias pessoas a baterem-se, só depois quando três fugiram percebi que estavam juntos". Tratava-se de Cláudio Coimbra, Vadym Hrynko e Clóvis Abreu. Este último, que está em fuga e não está a ser julgado pelo homicídio de Fábio Guerra, gritou "Sou o Rei do Montijo", disse Miguel Encarnação.
O Ministério Público acredita que quatro polícias, entre os quais Fábio Guerra, ao presenciarem agressões nas quais os arguidos estavam envolvidos, tentaram travá-las, identificando-se como agentes da autoridade, mas acabaram eles próprios por ser agredidos violentamente.
O agente Fábio Guerra, de 26 anos, morreu a 21 de março, no Hospital de São José, em Lisboa, devido às "graves lesões cerebrais" sofridas na sequência das agressões de que foi alvo no exterior da discoteca.
Um terceiro suspeito, Clóvis Abreu, está a monte e, em março, a Polícia Nacional espanhola colocou uma publicação nas várias redes sociais a pedir a colaboração dos cidadãos para encontrarem o fugitivo. Os dois fuzileiros agora em julgamento estão em prisão preventiva.