Vadym Hrynko, fuzileiro da Marinha acusado da morte do agente da PSP Fábio Guerra, contou, esta terça-feira de manhã em tribunal, que as agressões ao grupo de agentes que se encontrava na discoteca Mome, em Lisboa, foram em autodefesa e defesa do companheiro de profissão Cláudio Coimbra, também arguido no processo.
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"Dei um soco em quem agredia o Cláudio Coimbra na confusão à porta da discoteca e depois dei um pontapé no mesmo, quando se tentava levantar para o afastar, mas nunca soube que se tratavam de agentes da PSP", afirmou. "Ele precisava da sua defesa, sendo campeão de boxe?", perguntou a juíza após a afirmação de que o outro fuzileiro necessitava de ajuda para enfrentar o agente da PSP. Vadym, de 22 anos, negou ainda que os agentes da PSP se tenham anunciado como tal e que os viu como agressores.
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Segundo explicou, os confrontos que culminaram na morte do agente Fábio Guerra começaram no interior da discoteca Mome, quando Cláudio Coimbra empurrou outro cliente, que entretanto foi expulso do espaço. "Quando saímos e falávamos com um segurança, esse cliente desferiu um soco no Cláudio Coimbra. Tentei defender o Coimbra porque pensei que ele estivesse com um grupo maior e dei-lhe um soco. Ele caiu no chão e eu saí do espaço", afirma Vadym Hrynko.
Vadym relatou ainda perante o tribunal que, após a primeira agressão ao cliente, Cláudio Coimbra e Clóvis Abreu tentaram agredir esse mesmo cliente, quando estava no chão, com pontapés, mas que não conseguiram e que foi nesse momento que os agentes da PSP intervieram. "Ninguém disse que era da PSP. Vi seis pessoas à volta do Clóvis e do Coimbra, que foi agarrado por trás e vítima de socos e pontapés".
"Quando vi o Cláudio ser atacado fui defendê-lo e dei um soco a um dos agressores. Este caiu para o chão e quando se tentou levantar e vir contra mim de forma violenta dei-lhe um pontapé para o afastar", diz o arguido. Logo a seguir, os três fugiram para o carro. "Houve uma pessoa que vinha atrás de mim e dei-lhe um pontapé, mas falhei", prossegue Vadym Hrynko. O Ministério Público acusa o fuzileiro de ter agredido ainda um outro agente da PSP a murro e pontapé, mas este desmente.
Quem estava no chão era Fábio Guerra, que faleceu dois dias depois no hospital vítima das agressões. O fuzileiro admitiu lamentar a morte de Fábio Guerra e negou sentir algo no momento das agressões. "Não me passou nada pela cabeça. Senti que naquele momento estava a ser agredido e tinha que me defender".
Vadym Hrynko, Cláudio Coimbra e Clóvis Abreu saíram do local e, quando atravessaram a Ponte 25 de Abril, em direção a Sesimbra, receberam um telefonema por um dos seguranças da discoteca a informar que os outros envolvidos na cena de pancadaria eram agentes da PSP. "Só aí soubemos, eles nunca se fizeram anunciar", afirma Vadym Hrynko.