O antigo diretor do Centro de Formação de Portalegre (CFP) da GNR, coronel Mário Ramos, exonerado na sequência das agressões que causaram ferimentos em mais de 10 formandos durante exercícios na recruta, foi agora transferido da Direção de Formação, do Comando da Doutrina e Formação, e passará a ser inspetor-adjunto da Inspeção da Guarda.
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A transferência surge na sequência da polémica nomeação do oficial para um cargo que lhe dava a supervisão de toda a formação da Guarda, e que foi noticiada pelo JN em primeira mão.
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De acordo com um documento a que o JN teve acesso, o comandante-geral da GNR, Luís Francisco Botelho Miguel, nomeou, anteontem, "por escolha como inspetor-adjunto da Inspeção da Guarda, mantendo a sua colocação no Comando-Geral, o coronel de Infantaria Mário Luís Ribeiro Ramos, do Comando da Doutrina e da Formação". No mesmo documento, é referida a "experiência das funções a desempenhar, as qualidades profissionais e pessoais e a experiência profissional adquirida" do oficial. Mário Ramos entrará em funções no próximo dia 11, segunda-feira.
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A 2 de dezembro último, o JN denunciou as agressões de que foram vítimas, por instrutores, os formandos do 40.º Curso, durante o "curso de bastão extensível", conhecido com "Red Man". Vários tiveram de ser hospitalizados e o caso está a ser alvo de um inquérito interno, mas também por parte da Inspeção-Geral da Administração Interna e do Ministério Público.
Na mesma altura, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, aceitou o pedido de exoneração do então diretor, o coronel Mário Ramos, por considerar não ser admissível "a demora na facultação de factos relevantes".
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Quando o JN deu a conhecer a promoção de Mário Ramos para o departamento que gere toda a formação da GNR, gerou-se grande contestação, que seria assumida publicamente pela Associação dos Profissionais da Guarda (APG), apesar de o Comando Geral da GNR ter garantido que "o coronel Mário Ramos não é responsável pela formação da GNR, nem a si lhe compete definir ou implementar procedimentos". "É, antes, responsável por um órgão que presta assessoria ao comandante do CDF, competindo a este último a tomada de decisão", disse ainda a GNR. Mas, ao que tudo indica, a promoção terá causado também desconforto junto de Eduardo Cabrita.
O ministro e o Comando Geral da GNR, questionados ontem pelo JN sobre a transferência do coronel Mário Ramos, não responderam até ao fecho desta edição.
JN noticiou primeiro
O JN denunciou o caso das agressões durante o exercício conhecido como "Red Man" a 2 de dezembro, e a 1 de fevereiro deu conta da promoção do comandante da escola exonerado. O coronel Mário Ramos foi agora colocado no órgão responsável pelas ações inspetivas e de auditoria ao nível superior da GNR, competindo-lhe apoiar o comandante-geral nas suas funções de controlo e avaliação.