O vice-presidente do Observatório de Segurança Interna, Hugo Costeira, não acredita que o jovem detido tivesse motivações ideológicas ligadas à extrema-direita ou de inspiração islâmica radical.
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Será antes uma espécie de "lobo solitário" à procura de vingança pela ostracização a que pensa ter sido votado pela sociedade. "Será alguém com uma perturbação psicológica grave a tentar adaptar-se a uma nova realidade", defende.
Se esta tese vier a confirmar-se, o especialista em contraterrorismo não tem dúvidas em defender que a Universidade "devia ter tido o trabalho de procurar saber como estavam os seus alunos do ponto de vista psicológico. Sobretudo numa altura de pandemia, que deixou marcas psicológicas profundas. Devemos perguntar porque é que ninguém identificou estes problemas neste aluno", frisa. Pede o reforço das medidas de prevenção de saúde mental nos diferentes contextos sociais.
Atento ao fenómeno terrorista no Mundo, Hugo Costeira não fica surpreendido que este tipo de eventos prolifere um pouco por todas as latitudes. No entanto, confessa alguma surpresa pelo "tipo de terrorismo" que esteve próximo de concretizar-se numa universidade portuguesa. Isto porque, alega, seria muito mais expectável a existência, em Portugal, de uma célula terrorista de inspiração islâmica radical do que um universitário capaz de cometer um massacre.
exames hoje
O antigo presidente da Associação Académica da Universidade de Lisboa e membro do Conselho Geral da Universidade, Hélder Semedo, referiu que "os campus são seguros" e recorda ter sido aprovada a videovigilância nos mesmos, acrescentando que autarquia pedirá a aceleração do processo. Semedo garante que "nada ficará comprometido, nem aulas nem exames".
Ao JN, João Machado, presidente da Federação Académica de Lisboa, quis "enaltecer as equipas de segurança e as autoridades num trabalho de cooperação com organismos internacionais e dos estudantes que mantiveram a calma". Machado está preocupado que o incidente possa causar uma cultura de medo ou ações semelhantes, de mimetismo". E apela à "reflexão sobre a necessidade de programas de saúde mental no Ensino Superior, que se agravou ainda mais com a pandemia".