Ex-autarca Pinto Moreira é suspeito de dar prioridade a projeto 32 Nascente. Miguel Reis também terá ajudado.
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Joaquim Pinto Moreira terá aceitado atrasar os licenciamentos urbanísticos de um projeto do Grupo Fortera para beneficiar as vendas do 32 Nascente, um empreendimento habitacional das Construções Pessegueiro. O Ministério Público (MP) acredita que o ex-presidente da Câmara de Espinho foi abordado por Francisco Pessegueiro para retardar o concorrente Espinho 3, até que o seu projeto fosse aprovado. A ideia seria colocar o 32 Nascente à venda antes do rival. Pinto Moreira terá concordado, garante a investigação da Polícia Judiciária e do Ministério Público (MP) do Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto, na Operação Vórtex.
O projeto 32 Nascente também terá sido beneficiado por Miguel Reis, socialista que sucedeu ao social-democrata Pinto Moreira, suspeitam os investigadores.
Após as eleições de outubro de 2021, Paulo Malafaia, empresário responsável pela comercialização dos empreendimentos Pessegueiro, manifestara preocupação com a mudança de cor na autarquia. Mas João Rodrigues, arquiteto responsável pelos empreendimentos, sossegou-o: José Costa, o homem do Urbanismo, mantinha-se e isso era o mais importante. O resto resolvia-se, prometia, elogiando a flexibilidade de Miguel Reis.
Em março de 2022, Malafaia encontrou um comprador para o 32 Nascente. O negócio rondaria os quatro milhões: um milhão para si e três milhões para Pessegueiro. Mas era importante garantir a colaboração autárquica. Em maio de 2022, uma entrega de cinco mil euros a Miguel Reis terá assegurado a continuidade do tratamento preferencial ao 32 Nascente, suspeita a investigação.
Dividir arruamento
Essa vantagem teria sido aplicada, por exemplo, caso fosse necessário pagar a duplicação do arruamento do empreendimento. Francisco Pessegueiro assegurou a Malafaia que, se se tivesse de aumentar a rua, o autarca os compensaria pela despesa extra: ou aumentava a área construtiva ou dividia a despesa da rua entre todos os vizinhos. Assim, nunca ficariam em prejuízo.
Inicialmente, o projeto 32 Nascente previa três torres habitacionais. Ainda no tempo do anterior Executivo, os empresários intercederam junto de Pinto Moreira para validar o caráter estratégico do projeto e assim beneficiar de vantagens construtivas e fiscais. Porém, tal não viria a acontecer.