"Pintarolas" julgou que cunhada estava a trair o irmão. Suspeito do homicídio entregou-se.
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A discussão familiar que, na semana passada, terminou com a morte, com um tiro no peito do fadista José Luís "Pintarolas", em Lisboa, começou porque este pensou que a cunhada estava a trair o irmão, apurou o JN. O suposto "amante", de 20 anos, é, afinal, filho de uma anterior relação da mulher e o principal suspeito do crime. Ainda fugiu do local, mas, no domingo, entregou-se às autoridades.
Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ) confirma que o jovem foi "constituído arguido e detido fora de flagrante delito", por estar "fortemente indiciado pela autoria material dos crimes de homicídio e detenção e uso de arma proibida". Foi apresentado, ontem, ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, desconhecendo-se, à hora de fecho desta edição, as medidas de coação aplicadas pelo juiz.
TENTOU PROTEGER FILHO
Tal como o JN já noticiou , o crime aconteceu pelas 21.30 horas de quinta-feira, à porta do prédio de "Pintarolas", em pleno Bairro do Condado, antiga Zona J de Chelas, em Lisboa. Na altura, estariam dezenas de pessoas na rua, que imediatamente se refugiaram em casa e nas instalações da associação de moradores. Na discussão, terão participado outras pessoas além do fadista, da cunhada e do filho desta.
"Pintarolas", de 43 anos e pai de pelo menos uma criança, ainda chegou a ser transportado pelo INEM ao Hospital de São José, em Lisboa, mas acabou por não resistir aos ferimentos.
Pouco depois de a morte ser confirmada, a cunhada apresentou-se às autoridades assumindo a autoria do disparo fatal. A versão que contou não convenceu, porém, os inspetores da PJ, que, logo nessa noite, consideram, face às provas recolhidas, que fora o filho da mulher a matar o fadista.
Homenagem
"Fado ficou mais pobre" com morte de "Pintarolas"
A morte violenta de José Luís "Pintarolas" deixou incrédulos os moradores do Bairro do Condado e deu origem a várias homenagens nas redes sociais. "O fado ficou mais pobre", desabafou uma amiga, aproveitando para partilhar uma atuação, eternizada em vídeo e divulgada no YouTube, do fadista, há dez anos, numa coletividade em Alfama. O Clube Lisboa Amigos do Fado assinalou também o óbito.