Greve de funcionários adia pré-seleção de jurados no caso do homicídio da grávida da Murtosa
O sorteio da pré-seleção dos jurados para o julgamento do homicídio de Mónica Silva, que estava marcado para esta quinta-feira no Tribunal de Aveiro, foi adiado devido à greve dos funcionários judiciais.
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Apesar de o arguido estar preso e de o processo ter caráter de urgência, o sorteio de pré-seleção dos jurados não se realizou, o que poderá pôr em causa a calendarização já prevista e impedir que seja proferido acórdão antes das férias judiciais do verão.
O caso da grávida da Murtosa será julgado por três juízas, mais quatro jurados do Tribunal do Júri requerido pelo Ministério Público e o julgamento será presidido pela juíza Diana Tavares Nunes, a partir da data ainda previsível, de 19 de maio, em Aveiro.
A juíza Diana Nunes, coadjuvada pelas juízas Susana Cajeira e Dora Duarte, presidiria esta quinta-feira ao sorteio de pré-seleção de 100 jurados, seguindo-se a fase de apuramento e novo sorteio para os oito jurados (quatro efetivos e quatro suplentes).
Diana Tavares Nunes, com 20 anos de carreira na judicatura, trabalhou quase sempre no distrito de Aveiro, região de onde é natural, conhecendo bem a Terra Marinhoa (Murtosa e Estarreja), pois estava colocada anteriormente no Tribunal de Estarreja.
O concelho da Murtosa não tem tribunal próprio, no seu território, estando agregado ao Tribunal de Estarreja, comarca onde a juíza Diana Nunes estava colocada, no Juízo de Família e Menores de Estarreja, já antes do Juízo Central Criminal de Aveiro.
Suspeito terá decidido matar a vítima e o feto
Em causa está o homicídio de Mónica Silva, grávida com sete meses de gestação, desaparecida desde a noite de 3 de outubro de 2023, na Murtosa, sendo o único arguido o empresário Fernando Valente, da Murtosa, que tinha uma relação com a vítima.
Fernando Valente, de 37 anos, divorciado, economista de formação, que está em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, numa das suas casas, em Gaia, negou sempre qualquer envolvimento no crime, dizendo nada ter a ver com o desaparecimento.
Mónica Silva, de 33 anos, estava a divorciar-se, mas aquando do desaparecimento o divórcio ainda não tinha sido decretado, pelo que o viúvo pede agora uma indemnização de 100 mil euros, além de 125 mil euros para cada um dos dois filhos do casal.
O corpo de Mónica Silva nunca foi encontrado, nem sequer quaisquer vestígios do cadáver, estando Fernando Valente acusado de crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e aborto agravado, além de moeda falsa (tinha 6.910 euros falsos).