Queimódromo do Porto, madrugada de 4 de Maio de 2013. A poucas horas do início da Queima, Marlon Barbosa Correia, de 24 anos, finalista de Desporto da Universidade do Porto, é assassinado com dois tiros pelas costas.
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A tragédia aconteceu durante um assalto frustrado à tesouraria da Federação Académica do Porto. Dois anos depois, com os assassinos à solta, a PJ ainda não capturou o homicida, nem os assaltantes, e a família da vítima continua sem qualquer tipo de apoio ou reparação.
A Polícia Judiciária, porém, diz continuar empenhada em deslindar o caso que em 2013 enlutou uma família de Gaia e o meio académico do Porto. O facto de a investigação ter "finalmente" passado dos "roubos" para uma brigada de "homicídios", composta por experimentados inspetores, faz renascer em alguns, nomeadamente nos pais de malogrado Marlon, a esperança de "um dia se chegar aos assassinos".
"Dói muito viver assim"
Enquanto assim não for, Jacinto e Lídia Correia, pais de Marlon, donos de uma lavandaria no Grande Porto, vão vivendo "um dia de cada vez", como contou Jacinto ao JN. "Eu vou-me refugiando no trabalho para atenuar a dor que nunca mais nos larga. A mãe está pior. Ela é que não consegue um momento de paz. Dorme mal, preferindo vaguear pela casa; durante o dia, às vezes, vem até à lavandaria, mas de repente vai-se embora a chorar; fecha-se em casa, agarra-se às coisas dele... E eu incapaz de a consolar. Dói muito viver assim", lamenta.
Queixas da PJ diz não ter, embora deixe perceber alguma desilusão: "De início, esperava mais", diz. Mas renovam-se-lhe as expectativas. "Já sei que mudaram de equipa e esperámos que, mais dia menos dia, os assassinos sejam apanhados e castigados". Jacinto não clama por vingança, "apenas alguma justiça", diz, para acrescentar que, "de qualquer modo", não tem "pressa em ver a cara dos assassinos" do filho. "Sei que eram pelo menos seis os ladrões visíveis no vídeo da segurança. Com os que organizaram o crime, são 12 os implicados na morte do meu filho", diz.
Marlon morreu ao serviço da Federação Académica do Porto (FAP). Disso "não há dúvidas", garante o pai. E se as houvesse, Jacinto recorda que, dias depois da tragédia, foi chamado à FAP para receber uma quantia "próxima de mil euros" devida a Marlon pelo seu trabalho nos dias que antecederam a Semana Académica. Foi o pai quem assinou o recibo em seu nome.
Nessa altura, Rúben Alves, então presidente da FAP, terá reiterado a promessa do primeiro dia, de "tudo fazer" para que a família fosse indemnizada. Jacinto Correia esperava poder usar a indemnização para "cumprir um desejo de Marlon", que era apoiar necessitados. Mas, "pelo menos até hoje", não houve indemnização alguma. Apenas promessas "rapidamente esquecidas".v