Falso empresário anunciava venda de máquinas usadas em sites internacionais, recebia o dinheiro, mas nunca entregava equipamento. PJ tentava deter há vários anos homem condenado em julgamentos aos quais nunca compareceu
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Porto Ao longo dos últimos anos, um burlão do Norte do país dedicou-se a enganar empresários portugueses e estrangeiros, que compravam, em sites internacionais especializados, máquinas industriais. A Polícia Judiciária (PJ) do Porto, que deteve o homem, de 50 anos, esta semana, há muito que o tentava apanhar, mas este encontrava sempre forma de escapar à Justiça. Não compareceu sequer aos dois julgamentos em que foi condenado por burla.
O esquema criminoso rinha vários anos, tendo começado com a constituição, pelo burlão, de duas empresas. Estas nunca tiveram qualquer atividade real e tinham apenas uma função: permitir a emissão de faturas que o burlão usava para receber o dinheiro.
Dono das empresas de fachada, o burlão publicava em sites internacionais, especializados no comércio de máquinas industriais usadas em todos os setores, anúncios de venda de diferentes equipamentos a um preço bastante inferior ao de mercado.
Os preços de saldo anunciados atraíram interessados, tanto portugueses como estrangeiros, mas todos acabaram enganados. Isto porque o burlão emitia a respetiva fatura do negócio para exigir o pagamento antecipado. Mas quando recebia o montante pedido, nunca enviava a maquinaria para o comprador.
Só num destes negócios fraudulentos, um empresário estrangeiro perdeu 360 mil euros. O que leva a PJ a estimar que o burlão tenha auferido "várias dezenas de milhares de euros". "Fazia disto modo de vida há vários anos", garante fonte ligada ao processo.
Julgado à revelia
O homem recentemente detido tem um longo historial ligado às burlas. Em 2019 e 2020 foi, inclusive, condenado em dois processos diferentes por este tipo de crime. Foi julgado à revelia, porque nunca compareceu em tribunal, e foi condenado, nos dois casos, a uma pena de prisão suspensa de três anos e três meses.
Há muito que a PJ tentava detê-lo, mas a tarefa foi sempre dificultada pelo estilo de vida do fugitivo. Este mudava frequentemente de residência, tendo passado também passado longas temporadas em países estrangeiros. Agora, por ordem de um juiz, está em prisão domiciliária.