As perícias à fralda de Jéssica, a menina de três anos assassinada em Setúbal, em junho, revelaram a presença de resíduos de cocaína, o que leva as autoridades a acreditarem que a criança estaria a ser usada como correio de drogas, com o consentimento da mãe, para iludir a Polícia.
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Os exames efetuados pelo Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária (PJ) foram determinantes para dar uma nova perspetiva aos motivos do homicídio da menina, morta à pancada ao longo de uma semana em que esteve entregue a uma família vizinha, numa casa no Beco do Pinhana, em Setúbal, em junho deste ano.
A Polícia Judiciária deteve, na quinta-feira, a mãe da menina, Inês Paulo, de 37 anos, entretanto colocada em prisão preventiva, e outro suspeito, que foi também indiciando por tráfico de drogas e que está obrigado a apresentações semanais às autoridades. A mãe deste homem, Cristina, o marido Justo e a filha Esmeralda já tinham sido detidos por espancar Jéssica até à morte e também se encontram em prisão preventiva.
Dívida de drogas
Inês Paulo tinha começado por dizer que a filha havia sido sequestrada por causa de uma dívida de 400 euros relacionada com serviços de bruxaria, mas depressa os investigadores da Judiciária perceberam que a dívida teria a ver com drogas.
Durante a semana em que a vítima esteve entregue à família agressora, foi espancada e torturada, sofrendo ferimentos que se revelaram fatais. A mãe acabou por ir buscá-la e, apesar de a filha se encontrar gravemente ferida e debilitada, não lhe providenciou socorro médico nem comunicou o caso às autoridades.
A autópsia e as perícias forenses vieram trazer nova luz sobre o caso, tudo apontando para que a menina estivesse a ser usada pela família como correio de drogas, que transportaria na fralda, tudo com o consentimento da mãe.