Inês Paulo visitou Jéssica durante a semana em que a menina esteve em cativeiro em casa da família suspeita de a ter assassinado. Viu a filha desnudada, em agonia, com convulsões e marcas de agressões, mas nada fez. Foi a casa arranjar-se e e dirigiu-se a um bar de Setúbal para se divertir a cantar karaoke, o seu passatempo preferido.
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Segundo informações recolhidas pelo JN, este é um dos episódios que levaram à decisão do Ministério Público (MP) em deter a mãe de Jéssica por homicídio qualificado por omissão. Já está em prisão preventiva.
Inês tinha sido ameaçada por Cristina "Tita" para pagar uma dívida de 400 euros, relacionada com drogas, e esta ficou com a menina sequestrada em sua casa, no Beco do Pinhana, durante a semana entre 14 e 20 de junho deste ano. Lá moravam também Justo, o companheiro de Cristina, e a filha desta, Esmeralda. Os três são suspeitos de matar a criança à pancada e com torturas. Estão em prisão preventiva.
Viu-a com convulsões
Num dos dias em cativeiro, a agressora terá querido mostrar como estava maltratada a menina, com a intenção de pressionar a mãe a pagar. A menina estaria mesmo com convulsões, tal a violência das agressões, que acabariam por a matar.
Nesse dia, Inês saiu da casa onde a filha era agredida e em vez de se dirigir à Polícia Judiciária, que fica perto, ou tentar arranjar forma de tirar a filha do cativeiro, seguia para a sua. Foi arranjar-se e dirigiu-se a um bar de Setúbal para se divertir a cantar karaoke, o seu passatempo preferido.
A investigação acredita que a menina era usada pela família suspeita de a matar como correio no tráfico de drogas, com a permissão da mãe. Cristina, o companheiro e a filha escondiam a cocaína na fralda da menina, como parece comprovar o facto de as perícias efetuadas pelo Laboratório de Polícia Científica (LPC) da PJ terem encontrado na fralda da menina resíduos daquele estupefaciente.
O filho de "Tita", Eduardo, que vivia no andar por cima do da mãe, foi também detido. Provou que não estava em Setúbal na semana das agressões fatais a Jéssica, mas em Espanha, com a sua companheira. Foi indiciado por tráfico de drogas e ofensas à integridade física contra a menina, em momento anterior ao do homicídio. Terá agredido a menina quando a utilizava para esconder a cocaína em movimentações de tráfico.
A investigação não confirmou a suspeita inicial de que a criança teria sido vítima de abusos sexuais, por apresentar lesões na zona genital. Eduardo foi libertado pelo juiz de instrução, mas tem de apresentar-se semanalmente à polícia.
Os indícios de ligação deste homicídio ao tráfico de drogas decorrem do conhecimento, esta semana, dos relatórios do LPC. A investigação prossegue, não estando descartada a possibilidade de virem a ocorrer novas detenções.
O Ministério Público prepara-se para deduzir acusação sobre o caso.
Inês disse que dívida era do pai de Jéssica
Inês Paulo justificou que a dívida por negócios de droga na origem do crime era do ex-companheiro, pai de Jéssica.
Companheiro será testemunha
Paulo Amâncio, o pescador que vivia com Inês e Jéssica em sua casa será testemunha no processo. Viu a menina quando esta chegou a casa depois do cativeiro. Inês disse-lhe que tinha caído de uma cadeira. Acabou por morrer.