A ex-Procuradora Geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, acredita que o Ministério Público (MP) tem de encontrar uma forma mais eficiente de comunicar para que os cidadãos consigam entender as decisões e ações dos procuradores.
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No XII Congresso do Sindicato dos Magistrados no Ministério Público, a ex-PGR foi, este sábado, convidada a falar sobre a comunicação na justiça e explicou acreditar que o cidadão comum muitas vezes desconhece as funções do MP: "é preciso apostar no facto do cidadão compreender a justiça", disse Joana Marques Vidal, para quem é importante "traduzir" a linguagem jurídica, para que as pessoas a possam compreender.
A ex-PGR também acredita ser importante criar um porta-voz do MP, para que este possa explicar ao público as decisões e ações do MP. "É importante que na estrutura orgânica, haja um magistrado coordenador ou um interlocutor privilegiado. Mas para isso, temos que ter formação em comunicação. O porta-voz regional ou nacional tem de ter formação. Um porta voz no MP, não tem que ser obrigatoriamente um procurador, mas tendencialmente será", afirmou Joana Marques Vidal que explicou os motivos: "tem de ter qualidade técnica, uma noção muita clara da parte jurídica, um conhecimento claro sobre o caso concreto e tem de saber falar de uma maneira juridicamente correta, mas que as pessoas consigam entender", explicou a ex-PGR, que fez uma ressalva: "há muitas alturas em que não podemos e não devemos dizer tudo. Mas aquilo que dizemos tem de ser rigoroso", disse, num painel em que também interveio o jornalista do "Expresso" Rui Gustavo.
O XII Congresso do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) reúne cerca de 400 magistrados de todo o país este fim de semana em Vilamoura no Algarve, onde é esperada a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e da Procuradora Geral da República, Lucília Gago.