O presidente do Rio Ave, António da Silva Campos, voltou esta terça feira a insistir em ser julgado à porta fechada. Queixa-se de "notícias parciais e facciosas", que causam "grave dano à sua dignidade e imagem pública", num processo que é "pessoal". A juíza continua a não ver razão para limitar a liberdade de Imprensa, num caso que envolve uma figura pública, acusada de crimes praticados num local público, na frente de outras pessoas.
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Silva Campos está acusado de perseguição agravada, injúrias, ofensas à integridade física e ameaças agravadas à filha, à ex-mulher e um ex-cunhado. Nega tudo.
O pedido era o mesmo da sessão anterior, mas desta feita, o arguido, agora defendido por Cerejeira Namora, juntava cópia de notícias do JN. "Pelo cargo que ocupa, está sujeito a escrutínio público e apreciação", lembrou a advogada da vítima, Manuela Cerqueira.
A juíza dá-lhe razão: a exclusão de publicidade "é a exceção", a liberdade de imprensa deve prevalecer (e ser figura pública não muda isso) e a verdade é que os alegados crimes ocorreram no local de trabalho e na presença de outros funcionários.
Retomado o julgamento, a filha de Campos, Diana, recordou as ameaças de morte, os insultos, as humilhações e as agressões. Vivia aterrorizada. Descreveu a depressão profunda em que entrou. "Viver ou morrer era igual". Esteve um ano sem sair de casa. Quatro anos depois, diz que tem "marcas profundas", continua medicada e em tratamento.
Cerejeira Namora encontrou-lhe contradições no depoimento. Garante ter recibos de um salário de 7.500 euros, quando Diana disse receber 3.862,50 euros, sublinha que a jovem só se despediu a 21 de julho de 2022 (depois de quatro anos de baixa médica) e que o pai já lhe pagou, em outubro, 8.444 euros de créditos laborais.