Filipe ensina mulheres a defenderem-se dos agressores. E não cobra nada por isso.
Corpo do artigo
Se um agressor lhe apertar o pescoço contra uma parede, o que deve fazer para se libertar? Simples: com a mão esquerda aperte-lhe o pulso e com a direita aperte-lhe um dedo e puxe-o para trás. Ele vai largar-lhe o pescoço e recuar.
"O primeiro princípio de defesa pessoal é correr, porque o agressor só consegue atingir a vítima se esta estiver ao alcance do seu braço. E se ela conseguir tempo para se afastar, ganha a briga". Filipe Monsanto começa com esta mensagem o workshop que ontem começou a orientar especificamente para mulheres.
O mestre brasileiro de jiu-jitsu, a viver em Portugal há três anos, sublinha que a violência doméstica não é um crime exclusivo de Portugal e que em todo o Mundo é um crime maioritariamente praticado por alguém próximo, como um pai ou companheiro. No Brasil, também é um flagelo e os casos em tribunal só começaram a aumentar quando a lei Maria da Penha, que impede que uma queixa seja retirada, entrou em vigor em 2006. "Não há arquivamento. É o primeiro passo", insiste.
É o primeiro workshop específico para mulheres que Filipe Monsanto organiza no Clube Desportivo da Graça, em Lisboa. O objetivo é que as participantes façam quatro aulas de jiu-jitsu para aprenderem os primeiros truques de defesa pessoal. É gratuito.
Numa posição de defesa, a primeira arma é o equilíbrio. Pernas abertas à medida dos ombros. Se um agressor a puxar por um braço, não tente puxar, nunca se libertará. Finque antes os pés em equilíbrio e puxe o braço, dobrando o cotovelo.
Ana Fraga vive em Portugal há seis anos. Quando, no final de novembro, apanhou em flagrante um carteirista a tentar assaltá-la, agarrou-se a ele e só o largou quando a Polícia chegou. Apresentou queixa e soube depois que já em liberdade o seu agressor voltou a assaltar e encontra-se agora preso. O antecedente aberto pela sua queixa foi determinante. Ana defende, por isso, que mais do alterações penais "o mais importante é a mulher queixar-se e não desistir". "A mudança de mentalidade tem de começar por esse princípio": o agressor tem de ir a tribunal.
Depois do assalto Ana pensou: "e se ele tivesse uma faca como é que me defendia?" Foi esse medo e a certeza de não se saber defender que a levou a inscrever-se no workshop.
Juliana Lima chegou a Portugal há seis meses para estudar Análise Financeira no ISEG. Inscreveu-se no workshop porque no Brasil como em Portugal quer andar sem medo na rua contra um assalto, uma tentativa de violação ou de um agressor que a vida ponha no seu caminho. "Quero aprender a defender-me de qualquer situação".
Se o agressor lhe puxar o cabelo segure-lhe o pulso com as duas mãos e gire-lhe o braço para baixo. Se o ataque for por trás, finque os pés e as mãos no chão, quando ele tentar levantá-la, puxe-lhe um tornozelo com as duas mãos e faça-o cair.