"Massacre em Amarante - 12 mortos". Foi esta manchete do JN em 17 de abril de 1997. Subtítulo: "Boîte incendiada por encapuzados fez ainda 14 feridos". No interior, o jornal relatava que três indivíduos encapuzados, de armas em punho, e munidos de bidões de gasolina, entraram, pelas 4 horas da madrugada, na boîte "Meia culpa", em Delães, Amarante, e intimaram as 33 pessoas que ali estavam a ficarem quietas. A seguir, despejaram a gasolina pelo recinto e, antes de atearem o fogo, disseram aos presentes: "Vão ficar todos fritos!". O trio permaneceu ali até as labaredas ganharem volume e saiu pela porta da frente, deixando atrás 12 mortos, entre clientes e mulheres que ali trabalhavam no "alterne", e 14 feridos, nove deles hospitalizados com queimaduras. O saldo subiria para 13 mortos, pois um dos feridos não resistiu.
Corpo do artigo
A PJ concluiu que o crime tinha sido encomendado por José Queirós, que tinha outra casa de alterne na zona e queria acabar com a concorrente
Na ocasião, o gerente da boîte, Manuel Amaral contou que, quando os assassinos entraram, saltou por cima do balcão e fugiu pelas traseiras. O mesmo fizeram três mulheres. Outra duas tentaram fazê-lo, mas foram apanhadas pelos agressores e acabaram mortas pelo fogo.
Nessa noite e na manhã seguinte, a população local acorreu à casa de alterne, horrorizada com o sucedido.
Na mesma edição, o JN salientava que os corpos ficaram horrivelmente queimados, a tal ponto que o Instituto de Medicina Legal ainda não tinha conseguido identificar o cadáver de uma mulher, que, mais tarde se concluiu ser de Fafe e ter 19 anos. As vítimas tinham entre 19 e 47 anos e eram maioritariamente residentes no Norte, embora um homem fosse de origem francesa.
Mais tarde, a PJ veio a concluir que o crime tinha sido encomendado por José Queirós, que tinha outra casa de alterne na zona e queria acabar com a concorrente. Pagou 700 contos (hoje cerca de 3500 euros) a cada um dos criminosos. Acabou condenado a 25 anos de prisão por incêndio e pelos crimes de homicídios consumados e tentados. A mesma pena igualmente aplicada aos três executores do massacre.
Em maio de 2017, e conforme o JN também relatou, o Tribunal de Execução de Penas do Porto concedeu liberdade condicional a José Queirós, após ter completado cinco sextos da pena a 27 de fevereiro de 2018. Morreu em 2020.
O acórdão condenatório obrigou os criminosos a pagar 1,55 milhões de euros de indemnização aos familiares das vítimas, entre os quais 14 órfãos, mas as autoridades judiciais tiveram dificuldade em conseguir a verba, pelo que o pagamento nunca foi feito na totalidade.