Membros de rede ilegal de distribuição de jornais apanhados em flagrante delito
A Guarda Nacional Republicana (GNR) anunciou esta quinta-feira a detenção de 11 elementos de uma rede que se dedicava à distribuição ilegal de jornais e revistas na zona da Grande Lisboa, causando enormes prejuízos a empresas de comunicação social e ao Estado. Quase todos os suspeitos foram detidos em flagrante delito, na madrugada de quarta-feira. A investigação deste caso, que durava há nove meses, partiu de uma carta anónima enviada à distribuidora VASP, que a remeteu para o Ministério Público.
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Segundo explicou a tenente-coronel da GNR, Cláudia Santos, que comandou a operação "Dark Ardina", as detenções ocorreram à hora da distribuição dos jornais e revistas para os pontos de venda, não se tendo, em algum caso, registado tentativa de resistência por parte dos suspeitos. Destes só não foram apanhados em flagrante delito os que estavam de folga na quarta-feira.
A mesma responsável do Comando Territorial de Lisboa da GNR explicou que a investigação teve início em julho de 2021. De entre os 11 detidos, três são motoristas, dois funcionários da distribuidora e seis trabalham em pontos de venda.
Segundo o JN apurou, a investigação visou um esquema montado por um grupo e envolvia apenas uma gráfica, "mas haverá outras sob investigação", versão confirmada por uma fonte próxima da empresa VASP.
Levavam mais exemplares que os faturados, que eram vendidos a par com os distribuídos de forma legal
O grupo alegadamente fazia sair da gráfica mais exemplares de publicações do que os que eram faturados, introduzindo-os de forma ilícita nos postos de venda, a par com os que circulavam de forma legal.
De acordo com a fonte da VASP, um dos funcionários da empresa era há muitos anos responsável pelo controlo de operações dentro de gráficas onde são impressos jornais e revistas, enquanto o outro tinha funções num armazém e no porte e expedições de jornais e revistas.
A GNR salienta por outro lado que os factos tiveram origem em Pêro Pinheiro, Sintra, mas o decorrer da investigação levou os militares a vários concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, alguns em zonas da responsabilidade da PSP, que colaborou com os militares nas diligências.
Apreeendidos mais de 41 mil euros, armas, jornais e revistas
A tenente-coronel Cláudia Santos informou ainda que existiam mandatos de detenção sobre nove dos suspeitos.
Em comunicado, a VASP lamenta profundamente "a existência desta rede criminosa, que se aproveitava ilicitamente da sua estrutura de distribuição, para operar em paralelo e obter proveitos monetários indevidos, desrespeitando, assim, as regras da concorrência" e tendo lesado, fortemente o Estado, os editores e também a própria empresa.
Na operação, que decorreu na madrugada de quarta-feira, os militares da GNR apreenderam publicações de diversos órgãos de comunicação social, 41.388,29 euros em dinheiro, 21 telemóveis, 13 viaturas, uma pistola modificada, duas espingardas caçadeiras, uma espingarda de ar comprimido, 51 cartuchos, uma caixa de chumbos calibre 4,5 mm, 15 munições de calibre desconhecido, uma soqueira, um bastão extensível, cinco equipamentos informáticos e um equipamento de videovigilância.
Os suspeitos serão ser presentes na tarde desta quinta-feira a tribunal para conhecerem as medidas de coação.
Ao que o JN apurou, as investigações sobre esta prática de distribuição ilegal deverão continuar. Os suspeitos poderão ser acusados de corrupção no setor privado, entre outros.