Uma menina de oito anos ficou infetada com gonorreia, uma doença sexualmente transmissível, depois de ter sido vítima, três vezes no mesmo dia, de abusos sexuais por parte do próprio pai.
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Os crimes aconteceram no ano passado, no concelho de Vila Nova de Gaia, e o agressor, um distribuidor de carnes que tinha conhecimento de que estava doente e podia infetar a filha, vai começar a ser julgado no próximo mês por abuso sexual de crianças.
A menina é filha de um casal disfuncional que acabou por se separar, situação que levou a que, em 2015, a menina e alguns dos irmãos fossem entregues aos cuidados dos avós maternos. Desde então, a criança passou a viver em casa destes familiares, mas passava os fins de semana, com o conhecimento do tribunal, na habitação do progenitor. E foi durante uma destas visitas que tudo aconteceu.
Segundo a acusação do Ministério Público consultada pelo JN, o primeiro abuso teve lugar quando pai e filha viajavam, de motorizada, em direção à residência da avó paterna. A meio do caminho, junto a um pinhal, o distribuidor de carnes decidiu parar o veículo e abusar da menina que seguia sentada à sua frente.
Depois, seguiu viagem, visitou a mãe, regressou ao seu apartamento e deu banho à filha. No chuveiro, abusou pela segunda vez da menor, apesar dos pedidos da criança para parar. Com apenas oito anos, a menina, sem poder contar nada a ninguém, foi para a cama que partilhava com o irmão mais novo sempre que visitava o pai. E já com a criança deitada ao lado do bebé, o progenitor meteu-se, seminu, debaixo dos lençóis e abusou, pela terceira vez no mesmo dia, da filha.
A vítima tentou, mais uma vez, resistir aos avanços do homem, mas as suas súplicas não foram ouvidas por quem sabia que estava infetado com gonorreia e que, muito provavelmente, iria colocar em perigo a filha na sequência dos contactos sexuais.
Os crimes só foram descobertos quando a menina contou a alguns familiares o que tinha acontecido. Os exames feitos, de seguida, no hospital, provaram os abusos sexuais, mas também que a menina tinha sido infetada com a mesma doença do abusador.
"O pai agiu com total indiferença pelo facto de a vítima poder contrair doença suscetível de lhe causar problemas de saúde", concluiu o Ministério Público.
Mãe foi viver com bebé para fábrica abandonada
Em 2015, a mãe da vítima abandonou a casa da família e foi viver com o novo namorado numa fábrica abandonada. Levou com ela o filho mais novo, então com dois meses, que teve de ser internado num hospital devido a problemas de saúde causados pelas deficientes condições em que vivia. O bebé acabaria por ser institucionalizado.
Pormenores
Historial de violência - Os pais da menina abusada sexualmente tinham, enquanto casal, um historial de violência doméstica. Foram vários os episódios em que foram registados episódios de agressões.
Prisão preventiva - O homem acusado dos crimes de abuso sexual de criança foi detido no verão do ano passado e colocado em prisão preventiva. Desde então, já requereu a sua libertação, mas o Tribunal recusou alterar a medida de coação.
Vídeos de sexo - A menina confessou às autoridades que, apesar da tenra idade, via vídeos de sexo no telemóvel. E confirmou estar familiarizada com linguagem pouco adequada à sua idade.