Uma mulher de 41 anos negou, na manhã desta quarta-feira, no tribunal da Feira, a autoria de um incêndio numa habitação que, de acordo com o Ministério Público, teria como intenção a morte do amigo com quem estava a viver. Responde pelo crime de fogo posto e homicídio qualificado na forma tentada.
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De acordo com o Mistério Público (MP), a mulher ateou o fogo numa habitação de Fiães, em julho de 2023, com o intuito de provocar a morte do proprietário que ali a acolheu.
A ação terá resultado de desentendimentos ao jantar, provocados pela alegada recusa do homem em fornecer droga à arguida e de ambos terem ingerido quantidades elevadas de vinho.
Perante o coletivo de juízes, a arguida negou a autoria do incêndio que, de acordo com a acusação, foi efetuado pela mulher com recurso a papeis e folhas secas.
“Fui tomar banho e quando sai da casa de banho vi tudo a arder”, disse.
Afirmou, ainda, que, se fosse sua intenção atear fogo, “punha fogo e saía [da habitação]”.
Foi confrontada pelo juiz com o facto de ter prestado em tribunal declarações contraditórias em relação ao que disse em sede de interrogatório, mas manteve-se firme em negar a autoria dos factos de que é acusada.
Aproveitou para lançar dúvidas quanto à origem do incêndio, afirmando que, aquando do mesmo, estariam em casa vários amigos do proprietário para consumirem drogas.
Os elementos da patrulha da GNR que estiveram na ocorrência e foram ouvidos na qualidade de testemunhas, afirmaram em tribunal que a mulher confessou ter sido autora do incêndio e que se dirigiu ao lesado de forma ameaçadora “a dizer que queria vingança (…) que o queria matar”.
Os militares confirmaram, ainda, que ambos denotavam estar embriagados.
Nessa noite, a mulher acabaria por ser transportada para o Hospital S. Sebastião, em coma induzido, devido à forte inalação de fumos.
O proprietário da habitação, que ficou com o rés-do-chão do edifício bastante danificado e viu destruídos três carros que ali se encontravam, entrou por várias vezes em contradição em tribunal. Começou por dizer que não sabia quem tinha sido o autor do incêndio, mas acabaria, momentos depois, por afirmar perentoriamente que foi a mulher. Contudo, não explicou o motivo que a teria levado àquele alegado ato.