A mãe da menina assassinada em casa pelo avô, esta madrugada, em Vialonga, ficou em desespero ao ver a filha morta. David Gomes, vizinho, acordou com Joana Patrícia aos gritos. "Não cheguei a tempo de salvar a minha filha, ouvi a Joana a gritar isso desesperada nas escadas do prédio", disse o vizinho. A mãe tinha a filha Lara ao colo.
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O avô, com 67 anos, matou a neta, esta terça-feira de madrugada, em Vialonga, Vila Franca de Xira. Depois tentou o suicídio, mas sem sucesso. Quando os bombeiros chegaram ao local, a menina, Lara, de sete anos, já estava morta.
O alerta para o crime foi dado às 4.16 horas, ao que tudo indica, pela mãe da criança que terá chegado a casa por essa altura e deparou-se com o trágico cenário. A morte ocorrera horas antes, pois quando os Bombeiros de Vialonga chegaram ao local a menina, de sete anos, estava ao colo da mãe, com o sangue já seco, explicou ao JN Francisco Marques, segundo comandante da corporação.
No pacato bairro, no número 2 da Rua Primeiro de Dezembro, em Vialonga, Vila Franca de Xira, todos os vizinhos mostram-se incrédulos. Leonilde Nunes, amiga da mãe, refere que nada fazia suspeitar o que viria a acontecer. "A menina tratava o avô por pai, andavam sempre de mão dada, era ele que a levava à escola, é muito triste o que aconteceu".
Também Mónica Rodrigues, vizinha e amiga da família, mostra-se estupefacta com o que aconteceu na casa onde vivia Joana, a filha Lara e o avô, pai de Joana. "Não sabia de qualquer problema que houvesse naquela casa, é muito triste o que aconteceu", adianta.
O avô, que terá sido o autor das agressões, tentou matar-se com a mesma arma branca que usara para matar a neta. Os bombeiros conseguiram reanimar o homem, que foi transportado ainda com vida para o Hospital de Santa Maria, já com a presença da GNR no local.
O suspeito não corre perigo de vida e será ouvido pela Polícia Judiciária de Lisboa, que investiga o crime.
Homicida levava a neta para horta aos fins de semana
Todos os fins de semana, a pequena Lara acompanhava o avô à sua horta nas traseiras do Bairro da Icesa. Aqui, a menina brincava com os seus bonecos sentada junto a uma mesa, enquanto o avô tratava dos legumes. O ambiente entre os dois era sempre o melhor.
Isabel Duarte, que tem um fumeiro adjacente à horta onde avô e neta passavam os sábados e domingos, mostrou-se perplexa com o trágico homicídio, visto que "davam-se os dois muito bem. Ele tratava da horta e ela estava sentada sempre numa mesa a brincar e a ver o avô que tratava por 'paizinho'. Ele cuidava sempre muito bem dela, ouvia-o a dizer-lhe para beber água, para comer, para ir ter com ele na horta para aprender a cultivar, todo um ambiente muito bom".
Durante a semana, o avô levava a menina à escola, na Associação para o Bem-estar Infantil de Vialonga, perto de casa e depois dirigia-se sozinho à horta. "É um homem muito reservado, não falava muito, mas não era antipático, foi uma grande tragédia o que aconteceu", contou a moradora.