A "Operação Babel", que determinou a detenção do vice presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo, assim como a dos empresários Elad Dror e Paulo Malafaia, levou à realização de buscas na Câmara Municipal de Braga. Em causa está o projeto Convento do Carmo, liderado pelo CEO do Grupo Fortera, que terá beneficiado de favorecimento de um diretor da Direção Regional de Cultura do Norte (DRC-N), Amândio Dias, também detido na operação, por suspeitas de ter recebido 80 mil euros para emitir pareceres favoráveis. A Câmara de Braga não é diretamente visada no inquérito.
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A intervenção em imóveis e zonas classificadas está sujeita à emissão de parecer da DRC e o projeto do Convento do Carmo, do grupo israelita Fortera pretendia requalificar e transformar o antigo Convento das Carmelitas, de 1655, numa unidade hoteleira de quatro estrelas, com 70 quartos, piscina e ginásio.
De acordo com a investigação da Polícia Judiciária do Porto e do Ministério Público, Elad Dror e Paulo Malafaia quiseram em 2020, garantir a emissão de um parecer favorável à reconversão do convento classificado em hotel de luxo. Terão abordado Amândio Dias que exercia funções de diretor da Direção de Serviços de Bens Culturais da DRC-N.
O funcionário público terá oferecido elaborar ele próprio o projeto urbanístico de remodelação que seria submetido para apreciação do serviço que ele próprio dirigia, mas também à câmara de Braga. Em troca, segundo a investigação, pediu 110 mil euros como honorários, mas acabou por baixar o valor para 80 mil euros, com "aprovação garantida".
Entretanto, Amândio Dias que estaria assim "capturado" pelos interesses dos dois empresários, indagou junto de um funcionário da Câmara de Braga para dar uma luz verde técnica ao projeto, apesar de sofrer algumas alterações.
Ainda segundo a investigação, o projeto teve um deferimento final do projeto em maio de 2022.
Esta terça-feira, os inspetores da PJ realizaram buscas para apreender toda a documentação relativa à tramitação do processo de licenciamento na Câmara de Braga. Os inspetores também buscaram elementos de prova no posto de trabalho do chefe de divisão da autarquia com quem o detido Amândio Dias lidava diretamente.