Luís Miguel, pároco em Viseu, foi afastado após denúncia dos pais de rapaz a quem mandou SMS de teor sexual e tentou beijar e apalpar.
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O padre Luís Miguel da Costa, afastado no verão passado pelo bispo de Viseu da paróquia de São João de Lourosa, foi acusado pelo Ministério Público (MP) dos crimes de coação sexual agravada na forma tentada e aliciamento de menor para fins sexuais. O caso remonta a março do ano passado, altura em que o sacerdote, convidado para um almoço-convívio, terá enviado mensagens escritas, algumas de teor sexual a um rapaz, à data com 14 anos, e tentado beijá-lo e apalpá-lo a caminho e dentro de uma casa de banho. O menor nunca respondeu e resistiu aos avanços do sacerdote.
Pelo crime de coação sexual agravada na forma tentada, Luís Miguel pode ser condenado até dois anos de cadeia. Já pelo crime de aliciamento de menor para fins sexuais pode ficar preso até um ano. A acusação foi feita pelo MP de Viseu, que encontrou provas suficientes para uma condenação do padre, que teria a intenção de praticar atos sexuais com o jovem, mas não conseguiu.
A acusação baseia-se na prova testemunhal e documental recolhida pela Polícia Judiciária, incluindo mensagens enviadas pelo pastor e que lhe foram apreendidas no telemóvel. O sacerdote foi constituído arguido e só não foi detido porque a alegada vítima tem mais de 14 anos e o crime de coação sexual não tem moldura penal suficiente para levar a uma detenção.
Este caso rebentou em outubro e agitou o seio da Igreja Católica. Antes mesmo de as suspeitas virem a público, o bispo de Viseu afastou Luís Miguel de todas as funções na paróquia que liderou durante dez anos e de outras instituições ligadas à Igreja.
Foram os pais do menor a apresentar queixa às autoridades eclesiásticas e judiciais depois de o filho lhes ter contado o sucedido. O rapaz e o padre não são da mesma paróquia e conheceram-se no convívio que juntou dezenas de pessoas numa adega, onde estava também o pai do menor.
A Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis da Diocese, criada em 2020, recebeu a denúncia em abril. Ouviu o padre, a vítima e testemunhas e encontrou "irregularidades" na situação. Solicitou o afastamento do sacerdote e comunicou tudo à Santa Sé, que ordenou o reforço da investigação ao nível local.
Luís Miguel nunca quis falar com a Imprensa. Usou sempre as redes sociais para se defender. "Apetecia-me dizer em bom português: vão chamar pedófilo à p*** que os pariu, mas sou educado, sempre fui e serei sereníssimo como a República de Veneza", escreveu a 17 de outubro no Facebook.