Em plena hora de ponta, os automobilistas vindos de Sintra em direção a Lisboa foram, segunda-feira de manhã, surpreendidos pelas mensagens de apoio à manifestação dos "coletes amarelos" - marcada para a próxima sexta-feira - escritas em panos brancos pendurados numa ponte pedonal sobre o IC19, junto ao Palácio Nacional de Queluz. Estes não terão estado afixados muito tempo, já que, cerca das 11 horas, não restavam quaisquer vestígios. O JN não conseguiu confirmar quem procedeu à retirada das mensagens.
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Nos panos brancos, com letras vermelhas pintadas à mão, era possível ler apelos à participação na manifestação "Vamos parar Portugal como forma de protesto", a par de outros em que se pediam atividades "sem violência". O JN contactou a Direção Nacional da PSP, no sentido de confirmar se os panos haviam sido retirados pelas autoridades, mas, até à hora do fecho desta edição, não obteve resposta. Porém, ao que foi possível apurar, terão sido desconhecidos a colocar e a retirar os cartazes.
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Este episódio ocorreu poucas horas antes da PSP divulgar um comunicado em que assegurava estar a preparar um "dispositivo adequado" para sexta-feira, dia em que se preveem manifestações em vários locais de norte a sul do país.
A Direção Nacional da PSP lembra que os promotores do movimento "coletes amarelos" têm de comunicar aos presidentes das câmaras municipais, "por escrito e com a antecedência mínima de dois dias úteis", a intenção de realizar a manifestação.
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Citado pela Lusa, o porta-voz da Direção Nacional da PSP, intendente Alexandre Coimbra, destaca que a maior preocupação neste momento prende-se com a dimensão do evento e não com qualquer informação de possíveis confrontos.
roupa quente e comida
A verdade é que mesmo para as autoridades é difícil, para já, prever a adesão que os protestos terão a nível nacional. No entanto, ontem, era possível ler, em várias páginas do Facebook, "conselhos" dos organizadores aos participantes.
Num destes posts lia-se: "Levem roupa quente, comida e todas as condições necessárias para que possam permanecer no local o máximo de tempo possível". Havia também quem deixasse dicas para a forma de se fazer ouvir durante o protesto. "Utilizem o telemóvel como megafone, através do rádio do carro, ligando um cabo 3,5 mm aux. Vão ao telemóvel e usem uma app ou o microfone deste ", escreve o membro de um dos grupos de apoio.
Marcha lenta e "avarias"
Sobre os avisos até agora divulgados pela Polícia, nomeadamente a não permissão de bloqueios de vias de comunicação, há quem sugira alternativas. "Dizem eles que não podemos bloquear as estradas. Poder podemos, basta o carro "avariar"", escreve um internauta, acrescentando que "se fosse para festejar o futebol já não havia problema em bloquear as estradas".
O movimento tem previstas ações nas principais cidades do país, com bloqueios a hipermercados, gasolineiras e grandes vias de comunicação como VCI (Porto), IC19 (Amadora/Sintra), ou Ponte 25 de Abril (Lisboa/Almada). Para controlar as manifestações, a PSP decidiu suspender as folgas marcadas pelos agentes para sexta-feira.
Evento eliminado do Facebook na tarde de domingo
O evento "Vamos Parar Portugal como forma de protesto" foi eliminado do Facebook na tarde de domingo, sob a alegação de não cumprir com os princípios da rede social, o que mereceu forte contestação e acusações de "censura" por parte de alguns internautas. Estes anunciavam, porém, ter criado grupos alternativos e apelavam ao recurso a outras redes sociais. Ainda assim, ontem à tarde no calendário de eventos do Facebook apareciam 18 movimentos locais, desde o Alto Minho ao Algarve e até um marcado para o Funchal.