O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos acusou, esta segunda-feira, líderes israelitas de "retórica genocida" em relação à Faixa de Gaza, apelando à comunidade internacional para que impeça um genocídio no território palestiniano.
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"Estou horrorizado com o uso aberto da retórica genocida e com a vergonhosa desumanização dos palestinianos por parte de altos funcionários israelitas", disse Volker Türk na abertura da 60.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.
O Alto-Comissário apelou a "ações imediatas para pôr fim à carnificina", afirmando que a comunidade internacional "está a falhar no seu dever".
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"Estamos a falhar com o povo de Gaza. Onde estão as medidas decisivas para prevenir o genocídio? Porque é que os países não estão a fazer mais para prevenir estes crimes atrozes?", declarou. "A região clama por paz. Gaza é um cemitério", disse Volker Türk.
O território palestiniano, sitiado por Israel, está devastado e a sofrer com a fome, segundo a ONU. O exército israelita, que afirma controlar aproximadamente 75% da Faixa de Gaza e 40% da Cidade de Gaza, indicou a sua intenção de tomar esta última, a maior cidade do território, situada a norte do enclave.
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A ofensiva israelita foi lançada na Faixa de Gaza em resposta a um ataque realizado em solo israelita em 7 de outubro de 2023 pelo grupo islamita palestiniano Hamas.
"Os massacres de civis palestinianos em Gaza por parte de Israel; o sofrimento indescritível e a destruição massiva infligida; a obstrução do fornecimento de ajuda humanitária adequada e a consequente fome de civis; os assassinatos de jornalistas, funcionários da ONU e de organizações não-governamentais (ONG), e os crimes de guerra que comete, chocam a consciência do mundo", disse Türk.
O Alto-Comissário apelou aos países para que "interrompam o fluxo de armas para Israel, arriscando infringir as leis de guerra; que "exerçam a máxima pressão para garantir um cessar-fogo, a libertação de reféns e pessoas detidas arbitrariamente; e a entrada de ajuda humanitária suficiente em Gaza por todos os meios ao seu dispor".
Türk pediu ainda que a comunidade internacional tome "medidas decisivas para se oporem à tomada militar de Gaza planeada por Israel e à anexação acelerada da Cisjordânia ocupada".
Logo após o regresso do presidente norte-americano, Donald Trump, à Casa Branca, Israel, tal como os Estados Unidos, deixou de participar nos debates perante o Conselho dos Direitos Humanos.