Três homens de Águeda e de Anadia estão acusados de terem montado um esquema de partilha de sinal, através de "cardsharing"
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Montaram um esquema ilegal de partilha de sinal de televisão por cabo e tinham mais de uma centena de clientes. Essa é, pelo menos, a acusação que o Ministério Público (MP) proferiu contra três homens, residentes em Águeda e em Anadia, que começaram a ser julgados no Tribunal de Aveiro, esta segunda-feira. Na primeira sessão do julgamento, os arguidos alegaram que não lucravam com o negócio e que o faziam por "brincadeira". Respondem os três por crimes de burla informática e nas comunicações agravado, detenção e venda de equipamentos ilícitos e acesso ilegítimo agravado.
Luís R., Artur C. e Rui A. aceitaram prestar declarações em tribunal, mas contrariaram as acusações do Ministério Público, garantindo que não faziam do esquema um negócio. "Não ganhei nada com isso. E só ajudei uma pessoa a aderir ao serviço", deixou claro Rui A., técnico de informática, assumindo, no entanto, que sabia que a forma como estava a aceder aos serviços era crime.
Também outro dos arguidos, Artur C., serralheiro de profissão, garantiu ao coletivo de juízes que tudo não passou de "uma brincadeira". E adiantou que os únicos proveitos retirados do esquema eram "almoços", por exemplo, que lhe eram oferecidos.
Segundo o MP, na altura em que a Polícia Judiciária (PJ) desmontou o esquema, os servidores que estavam instalados pelos arguidos forneciam um serviço de televisão por cabo a quase uma centena de clientes. E esses clientes pagavam à "rede ilegal", pelos canais de televisão, um valor mensal de cinco euros. No caso dos canais desportivos pagos, era cobrada uma anuidade de 75 euros. Em todo o processo, as operadoras nacionais que os disponibilizavam não recebiam nada.
Na altura em que o esquema foi desmantelado, a PJ adiantou que os arguidos também vendiam recetores "power boxes", que davam acesso, através da rede que eles haviam criado, aos conteúdos de sinal protegido de televisão. Os preços das "boxes" variavam entre os 80 e os 230 euros.