A Polícia Judiciária (PJ) realizou na manhã desta quinta-feira novas buscas em residências e escritório de advogados e de contabilistas no âmbito do inquérito sobre a atribuição da nacionalidade portuguesa aos descendentes de judeus sefarditas, como foi o caso do oligarca Roman Abramovich. Em março, a Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) já tinha realizado buscas e detido o líder religioso da Comunidade Judaica do Porto, Daniel Litvak.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, as buscas desta manhã visaram essencialmente a recolha de documentos sobre os processos de certificação de ascendência sefardita emitidas pela Comunidade Judaica do Porto, mas também sobre as movimentações financeiras e donativos recebidos pela entidade. Alguns elementos das brigadas de luta contra o crime económico da PJ do Porto também participaram na operação desta quinta-feira.
Em causa neste inquérito estão suspeitas de crimes de tráfico de influências, corrupção ativa, falsificação de documento, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.
Em março, a UNCC deteve Daniel Litvak, quando este se preparava para viajar para o estrangeiro. Foi libertado por um juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, mas teve de entregar os dois passaportes que possuia e ficou obrigado a apresentar-se três vezes por semana à autoridades. Está também proibido de contactar os outros arguidos.
O inquérito sobre as atividades da Comunidade Israelita do Porto (CIP) também levou à constituição como arguido do advogado Francisco Almeida Garrett, também dirigente do organismo que certificou a origem sefardita do empresário russo, Roman Abramovich , através de um atestado emitido pelo rabino dirigente da Federação das Comunidades Judaicas da Rússia (FCJR), Alexander Boroda.
Nos últimos anos, Abramovich foi um generoso mecenas da FCJR com doações de dezenas de milhões de euros e Boroda atestou as origens sefarditas do empresário apenas com base em testemunhos do próprio Roman Abramovich.
Recorde-se que a Comunidade Judaica do Porto refuta quaisquer irregularidades cometidas nos processos de atribuição de nacionalidade, tanto em relação ao oligarca russo Roman Abramovich e ao líder do grupo Altice, Patrick Drahi, como aos outros. Garante total transparências nos processo e nega qualquer ilegalidade.