As autoridades estão desde a manhã desta segunda-feira a realizar buscas no âmbito de um inquérito que investiga alegados desvios de verbas do Clube Santa Clara nos Açores. Em causa estão crimes de branqueamento de capitais, participação económica em negócio, peculato e abuso de confiança, visando anteriores administrações. Existem movimentos financeiros entre o clube e empresas que são considerados suspeitos e que envolvem contas bancárias em paraísos fiscais.
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A investigação dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) levou à realização de buscas a residências situadas em Ponta Delgada, Vila Nova de Famalicão, Moimenta da Beira, na ilha da Madeira, em Espinho e em Lisboa. A recolha de documentos e elementos de prova também está a acontecer em escritórios de advogados situados em Lisboa e nos Açores e ainda a três sociedades comerciais situadas nos Açores.
"No processo investiga-se a eventual utilização ilegítima de quantias monetárias pertencentes ao Clube Santa Clara através de transferências para contas de elementos da administração", explica o Ministério Público, que está a ser coadjuvado pelo Departamento de Investigação Criminal dos Açores, da Polícia Judiciária.
O JN sabe que as buscas desta segunda-feira constituem a segunda parte de uma operação que visam as ligações entre o anterior presidente Rui Melo Cordeiro e o empresário singapuriano Lau Lian Seng Glen, da Azul Internacional, que detém parte do clube. Ambos já terão sido constituídos arguidos em novembro de 2020. Um antigo diretor desportivo, Diogo Boa Alma, também é um dos arguidos no processo.
"Entre outras factualidades, em causa estão fluxos financeiros a crédito e a débito entre as contas da sociedade desportiva com as de várias empresas e destas com contas bancárias sediadas em paraísos fiscais, sem que haja justificação da origem e do destino desses valores.", adiantou esta segunda-feira a Polícia Judiciária.
Em comunicado, o clube confirmou as buscas e assegura ter colaborado com as autoridades. "Esta recolha de documentação está relacionada com atos de gestão de administrações anteriores. Esta SAD colaborou - e assim continuará sempre a fazer - com a investigação das autoridades, aguardando pelo normal curso da Justiça", garantiu o clube açoriano.