PSP entrega plano para fechar esquadras do Porto e Lisboa e ter mais polícias na rua
O diretor nacional da PSP quer ter menos esquadras no Porto e Lisboa para ter mais polícias na rua. Para Magina da Silva, as instalações dão uma "falsa sensação de segurança". Proposta já foi entregue ao Governo.
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"Temos esquadras em Lisboa a 500 metros umas das outras, o que não faz sentido absolutamente nenhum. Isto tem de ser mudado", disse o responsável da PSP numa entrevista publicada pelo "Público" e pela "Renascença" esta quinta-feira.
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Naquela que considera ser uma proposta "não tão radical", Magina da Silva defende o fecho de esquadras no Porto e Lisboa para poder colocar mais agentes em patrulha nas ruas. "É muito simples. É uma equação matemática que não está sujeita a discussão. Quanto mais esquadras tivermos, menos polícias teremos na rua, nas unidades móveis, nos carros-patrulha, para acorrer a situações urgentes", continuou. "As esquadras contribuem para um sistema autofágico, comem polícias. São 12 polícias só para manter aquilo aberto".
"Se olharmos para a grande área metropolitana de Madrid, oito milhões de habitantes, a Polícia Nacional de Espanha tem 36 instalações policiais ou divisões. O Comando Metropolitano de Lisboa da PSP para a Área Metropolitana de Lisboa, que servirá 1,2 milhões de pessoas, tem, pasme-se, 64 esquadras. Pelo rácio de Espanha, ficaríamos com sete esquadras e meia", comparou.
O diretor da PSP considerou ainda que as esquadras dão uma "falsa sensação de segurança". "O que dá segurança é a polícia ter meios móveis para rapidamente acorrer a cidadãos que estão em apuros", defendeu.
Magina da Silva garantiu, por fim, que vai colocar nas juntas de freguesia que deixem de ter esquadras um polícia em horário normal de expediente.
Diretor da PSP propôe plano de alojamento para polícias deslocados
O diretor nacional da PSP assume também, pela primeira vez, que não houve candidatos suficientes nos últimos concursos e defende, por isso, um plano de alojamento para polícias deslocados.
"Temos de conseguir alterar estas dificuldades de recrutamento", diz Magina da Silva, acrescentando que os 26 milhões de euros que resultam dos descontos obrigatórios que os polícias fazem para os serviços sociais, que estavam cativados, vão poder ser usados para dar apoio social aos agentes que começam a carreira. "Têm uma remuneração inferior, muitos deles são 'despejados' em Lisboa, onde os preços são proibitivos, pouco compatíveis com as remunerações dos polícias".
Sobre a taxa de não preenchimento do último concurso, diz que só foram preenchidas 915 das mil vagas, uma taxa similar à do anterior concurso.
Ainda sobre a falta de atratividade da profissão, diz igualmente que "há muita hostilidade nos meios urbanos onde está a PSP" e "um escrutínio que muitas vezes é maldoso". "Quando é justo e saudável, é bem-vindo. Quando só aparecem metade das imagens, versões truncadas, o lado B do disco, os polícias sentem que estão sempre sob escrutínio, muitas vezes injusto", afirma.