José Sócrates reagiu, em artigo de opinião, à entrevista televisiva de Carlos Alexandre, juiz do processo Marquês em que o antigo primeiro-ministro é acusado de vários crimes.
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José Sócrates ficou agastado com uma declaração de Carlos Alexandre. O juiz disse que "não tem contas bancárias em nome de amigos", durante uma entrevista à SIC Notícias, emitida na quinta-feira à noite.
"Tal alusão, que nada vinha a propósito, não pode deixar de ser entendida - como o foi por todos os que a viram - como uma cobarde e injusta insinuação baseada na imputação que o Ministério Publico me fez no referido processo", escreve José Sócrates, em artigo de opinião publicado na edição do Diário de Notícias deste sábado. "Essa imputação, como já disse inúmeras vezes, é falsa, é injusta e é absurda", sublinha o antigo primeiro-ministro.
José Sócrates diz que "as provas existentes no processo - testemunhais e documentais - confirmam que essa imputação não tem qualquer fundamento" e considera que ao "fazer tão grave e falsa insinuação o Sr. juiz evidenciou não ter a imparcialidade que é exigível a um juiz de instrução na condução deste processo".
O antigo primeiro-ministro argumenta que na entrevista, "o Sr. juiz decidiu expressar publicamente que, afinal, sempre teve partido", e "mais escandalosamente, sem que tivesse sido deduzida qualquer acusação por parte do Ministério Público".
Segundo José Sócrates, "o Sr. juiz de instrução faltou, assim, aos seus deveres de magistrado emitindo em público, embora com recurso à insinuação, um evidente juízo de culpabilidade sem que haja acusação formada".
Para o antigo primeiro-ministro, "esta atuação do Sr. juiz de instrução configura um inqualificável abuso de poder". Por estar razões invocadas, José Sócrates considera que, "em síntese, este processo nunca foi um processo justo" e anuncia que deu instruções aos advogados "para apresentarem as respetivas queixas aos órgãos judiciais competentes."