Migrantes partiam da Algéria e Marrocos em direção à costa espanhola. Grupo, que também se dedicava ao tráfico de tabaco e à falsificação de documentos, lucrou 1.5 milhões de euros
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A Polícia Nacional espanhola deteve 26 pessoas que integravam um grupo que contrabandeava migrantes da Algéria e Marrocos para a Europa. Só desde janeiro do ano passado, 900 migrantes chegaram a Espanha em lanchas rápidas, pagando, cada um, entre 2000 e 2500 euros, pela viagem. As autoridades, entre as quais a Europol, calculam que a organização criminosa, que se dedica ainda ao tráfico de tabaco e à falsificação de documentos de identificação, terá lucrado cerca de 1,5 milhões de euros.
Muitos dos 26 detidos tinham ligações a outros países, como França, Bélgica e Suécia e a sua atividade criminosa foi confirmada por dois testemunhos recolhidos pela Polícia espanhola. A mesma Polícia que, na operação recentemente realizada, apreendeu 17 carros, 20 mil euros em dinheiro e um número considerável de telemóveis.
Mantidos em cativeiro ou abandonados na autoestrada
As lanchas rápidas com os migrantes clandestinos zarpavam, normalmente, da cidade costeira de Omã, na Argélia, e demoravam aproximadamente três horas a atravessar o mar de Alborão e chegar à costa espanhola. Aqui chegados, os migrantes recebiam instruções específicas para encontrarem locais seguros onde se podiam esconder das autoridades policiais. Os que pagassem mais 500 euros tinham, no entanto, transporte assegurado do local de desembarque. E por nove mil euros a organização também assegurava vistos de residência com base, no caso das mulheres, em falsas queixas de violência de género.
Contudo, os migrantes que não pagassem o montante combinado eram mantidos em casas controladas pelo grupo até liquidarem o valor em dívida. Outros eram simplesmente abandonados nas autoestradas.
O contrabando de migrantes estava de tal forma organizado que os membros da organização contactavam, antes do início da travessia, os comparsas em Espanha para fornecer detalhes como a data e o local da chegada e o número de pessoas em cada barco. Muitas delas chegavam a esperar um ano pela viagem