Paulo Silva, João Gonçalves e Gonçalo Rodrigues respondem por 14 crimes de corrupção ativa. MP não encontrou indícios para acusar André Geraldes.
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O intermediário Paulo Silva, o empresário de jogadores João Gonçalves e o assistente administrativo principal do Gabinete de Apoio ao Jogador do Sporting Clube de Portugal, SAD, Gonçalo Rodrigues, acabam de ser acusados de 14 crimes (três consumados e os restantes na forma tentada) de corrupção ativa prevista na Lei do Desporto, no âmbito do processo Cashball.
Gonçalo Rodrigues é o único elemento com ligações profissionais ao clube de Alvalade a ir a julgamento, porque André Geraldes, ex-team manager leonino, viu o Ministério Público (MP) arquivar as suspeitas que havia sobre a sua participação no caso. Também o clube e a SAD do Sporting não foram acusados.
O processo Cashball iniciou-se a 14 de março de 2018, dia em que Paulo Silva, um vendedor de automóveis, confessou no Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto ter sido abordado por João Gonçalves, empresário seu amigo, para que subornasse árbitros de andebol, de forma a favorecer o Sporting, na época de 2016/2017. A corrupção abrangia, ainda, adversários da equipa de futebol do Sporting. Acrescentou que recebeu 350 euros por cada um dos árbitros corrompidos, no cumprimento do plano delineado por André Geraldes.
A investigação concluiu que Paulo Silva, João Gonçalves e Gonçalo Rodrigues acordaram subornar árbitros e jogadores, envolvidos em 14 jogos das equipas de Alvalade. Mas que só dois árbitros de andebol foram efetivamente aliciados por Paulo Silva. Roberto Martins confirmou ter recebido e recusado uma proposta de 2500 euros para beneficiar o ABC no jogo com o F. C. Porto e Ivan Caçador admitiu ter sido aliciado com 2000 euros para prejudicar os dragões no frente a frente com o Sporting.
Leandro Freire de Araújo, defesa-central do Desportivo de Chaves em 2016/2017, foi outro atleta a confirmar ter recebido de Paulo Silva uma proposta para "facilitar" na marcação ao avançado leonino Bas Dost, nos encontros a contar para a 1.ª Liga e Taça de Portugal. Se o fizesse, receberia 12 500 euros por jogo.
Dinheiro das claques
Para o MP, não há, no entanto, "indícios suficientes de que André Geraldes tenha participado no acordo estabelecido". "Apesar de Paulo Silva indicar o team manager do Sporting como responsável máximo pelo esquema que denunciou, os meios de prova recolhidos não suportam com suficiência que assim era", considera o MP.
Nem os envelopes com mais de 60 mil euros encontrados no gabinete de Geraldes foram prova bastante para levar o dirigente a julgamento. "A proveniência do dinheiro era a venda de bilhetes a grupos organizados e não organizados de adeptos", justifica o MP.