Correspondência entre reclusos de Silves revelou esquema para introduzir nova droga na cadeia.
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Terá sido uma troca de correspondência entre dois presos que desvendou o mistério. Numa carta apreendida durante uma busca a uma cela da cadeia de Silves, um recluso detido noutro estabelecimento conta que o papel em que escrevia era "ganza que os rapazes estão a fumar". "A folha é igual a uma folha de caderno A4 de linhas e para fumar é picadinho, misturado com tabaco".
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O autor da missiva destacava ainda o elevado lucro que poderia ser obtido com o tráfico desta droga. "De cada linha da folha faz-se 15 pedaços... ao todo, dá 2000 euros", assegura o preso.
Este alerta, no entanto, para os perigos que a nova substância apresenta e aconselha o amigo a não experimentar a K4. "A dependência é fácil de mais e cria cancro. Por isso, fica longe disso e não fumes", avisa.
Depois de terem conhecimento desta carta, os guardas prisionais começaram a prestar atenção aos pequenos pedaços de papel "cortados em linhas" encontrados em várias celas.
Outros casos de K4 nas cadeias
Pinheiro da Cruz: encomenda com tubos
Numa das últimas situações detetadas, um recluso recebeu uma encomenda vinda do exterior, com uma pequena caixa de cartão e 40 papéis enrolados em tubos. Estes fariam parte de um jogo, mas eram, na verdade, cigarros com droga.
Coimbra: desenho para disfarçar
Um preso recebeu uma carta com um "desenho supostamente feito por uma criança". O papel continha droga.
Pinheiro da Cruz: tiras no roupão
Nesta cadeia, foi, de igual modo, uma busca à cela de um recluso que permitiu encontrar cinco tiras de papel e um pó acastanhado dividido em sacos dissimulados num roupão. Era droga.
Vale do Sousa: papel pulverizado
Naquela que é uma das prisões onde a K4 mais será consumida, foi encontrado um pedaço de papel, com 8,5 cm por 3,5 cm, pulverizado com a nova droga. Foi a informação recolhida pelos guardas prisionais sobre este fenómeno que levou a que fosse efetuada a busca às celas.
Pormenores
13 sinalizações
Um relatório dos Serviços de Segurança identificou 13 situações em que há suspeitas de ter sido detetada K4. A primeira ocorreu em junho de 2020, na cadeia do Funchal. A última teve lugar em abril deste ano, na prisão do Vale do Sousa.
Origem em Custóias
Apesar de não constar da lista do relatório de informações, a cadeia de Custóias, no Porto, será um dos estabelecimentos prisionais onde a K4 predomina. O consumo desta droga nas prisões de Coimbra e Vale do Sousa só terá começado após a transferência de reclusos que estavam em Custóias.
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