Acusação

Boaventura acusado de tentar comprar jogadores para favorecer Benfica

Boaventura acusado de tentar comprar jogadores para favorecer Benfica

O empresário de futebol César Boaventura foi recentemente acusado pelo Ministério Público (MP) de quatro crimes de corrupção.

O empresário de futebol César Boaventura foi recentemente acusado pelo Ministério Público (MP) de quatro crimes de corrupção. Boaventura terá tentado comprar três jogadores do Rio Ave e outro do Marítimo na época 2015/2016, oferecendo-lhes luvas até 100 mil euros ou um contrato com salário de 300 mil euros anuais, para "facilitarem" em jogos frente ao Benfica.

O caso remonta a abril e maio de 2016. Disputavam-se as últimas jornadas e o Benfica liderava a tabela classificativa com dois pontos de vantagem em relação ao Sporting. A acusação, a que o JN teve acesso, garante que Boaventura tentou corromper Marcelo Ferreira, Cássio Anjos e Lionn Barbosa Lucena, que eram atletas do Rio Ave, e ainda Romain Jules Salim, do Marítimo.

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Proposta viria de Vieira

Proposta viria de Vieira A primeira abordagem descrita na acusação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) refere-se ao atleta Lionn Barbosa Lucena. O empresário terá telefonado ao lateral-direito do Rio Ave a 20 de abril de 2016. Quereria discutir com ele uma proposta de contrato.

Os dois homens encontraram-se em Vila do Conde, onde, segundo a acusação, Boaventura apresentou uma proposta diversa, que viria diretamente de Luís Filipe Viera, então presidente do Benfica. "Queria pagar-lhe 80 mil euros para ser penalizado com um cartão amarelo na primeira parte, fazer propositadamente um penálti e ser expulso na segunda parte, batendo com a mão no chão.

César Boaventura terá acrescentado que "pagaria tudo em notas de 500 euros, a entregar depois do jogo". Mas Lionn recusou a proposta e o empresário enviou ao jogador uma SMS, a 22 de abril, garantindo que a oferta de luvas tinha subido para 100 mil euros. O lateral-direito nem sequer respondeu.

O guarda-redes Cássio foi outro atleta abordado, num encontro marcado para junto ao Estádio dos Arcos, em Vila do Conde. César Boaventura terá oferecido 60 mil euros ao guarda-redes para que "facilitasse a derrota da sua equipa".

Cássio também recusou e o empresário, próximo de Luís Filipe Vieira, virou-se para o central Marcelo Ferreira.

Ainda segundo o DCIAP, César ofereceu-lhe um contrato com um clube estrangeiro em troca da "realização de uma falta suscetível de marcação de grande penalidade, no Rio Ave-Benfica, de 24 de abril de 2016, que os encarnados venceram por uma bola a zero. Marcelo recusou a proposta.

Antes da penúltima jornada entre o Marítimo e o Benfica, Boaventura terá abordado ainda Romain Salim, então guarda-redes do Marítimo. Fez-lhe uma proposta de transferência para um clube estrangeiro, onde iria auferir 300 mil euros anuais. Mas o atleta francês descartou logo a oferta, fazendo com que Boaventura não insistisse com o guarda-redes.

Empresário responde por burla

César Boaventura também foi recentemente acusado de burla, falsificação de documento, fraude fiscal e branqueamento de capitais, na Operação Malapata. Neste processo, o agente, atualmente em prisão domiciliária, é suspeito de ter sacado milhões a empresários, arrogando-se detentor dos direitos de imagem do atleta do Benfica Gedson Fernandes, agora no Besiktas. Na acusação, a que o JN teve acesso, Boaventura é descrito como um homem enganador que procurava criar a imagem de um empresário de sucesso e com relações privilegiadas no Benfica. Tudo seria encenado para sacar milhões de euros a empresários que lhe entregaram avultadas quantias, julgando genuinamente estarem a investir no negócio do futebol.

Benfica de fora

Embora explique que as tentativas de corrupção poderiam beneficiar o Benfica, o Ministério Público não encontrou indícios de que Boaventura tenha sido incumbido de "comprar" os atletas por alguém da estrutura encarnada. Por isso, as suspeitas contra a Benfica SAD foram arquivadas.

Pena acessória

Os procuradoras Cristiana Mota e Ana Brandão requerem que César Boaventura também seja condenado à pena acessória de proibição do exercício da profissão de agente desportivo por um período de três anos. E pedem que seja ainda condenado a pagar 480 mil euros ao Estado.

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