PJ reuniu mais prova sobre disparos efetuados contra família de homem do Curdistão. Desta vez, ex-autarca de Moura foi levado a juiz e ficou sem 13 armas.
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O ex-autarca do Chega na Assembleia de Freguesia da Póvoa de São Miguel, em Moura, Beja, voltou a ser detido, esta semana, pelos disparos de caçadeira feitos contra uma família estrangeira que viajava numa autocaravana. Desta segunda vez, Vítor Ramalho foi presente a um juiz de instrução criminal, que lhe agravou as medidas de coação e lhe apreendeu 13 armas de fogo.
O homem tinha sido detido pela primeira vez em outubro, pela Diretoria do Sul da Polícia Judiciária (PJ), por homicídio qualificado na forma tentada. Segundo revelou a PJ na altura, após uma discussão devido ao estacionamento, terá perseguido e disparado vários tiros de caçadeira contra o veículo da família, com sete filhos entre os três meses e os 11 anos, por motivação "aparentemente determinada por ódio racial".
Na altura, o suspeito foi ouvido pelo Ministério Público (MP) e não por um juiz de instrução. Ficou em liberdade, sujeito a termo de identidade e residência, sem outras medidas de coação, e continuou na posse de armas de fogo. Renunciou ao mandato dias depois de o caso ser tornado público e de o líder do Chega, André Ventura, declarar que era "completamente contra quaisquer crimes que envolvam atentados contra a vida humana".
Mas a investigação da PJ prosseguiu e, segundo o JN apurou junto de fonte judicial, foram feitas mais diligências e ouvidas testemunhas, que permitiram juntar "elementos mais sólidos" ao processo.
Com base na prova indiciária, os inspetores requereram ao MP a emissão de mandados de detenção, fora de flagrante, e de buscas domiciliárias e a viaturas, executados esta terça-feira. No mesmo dia, Vítor Ramalho foi ouvido por um juiz de instrução, que ordenou a apreensão das armas de fogo e agravou as medidas de coação. Está impedido de contactar com as vítimas e de utilizar armas de fogo.
Vogal da Junta
Vítor Ramalho, eleito pelo Chega, era vogal da Junta de Freguesia de Póvoa de São Miguel. A sua advogada neste processo, Cristina Costa, era a cabeça de lista.
Um casal e sete filhos
As vítimas são um casal (ele curdo e ela sueca) e sete menores de passagem pela freguesia. Terão sido alvo de comentários xenófobos.