O Tribunal de Lisboa condenou Bruno Domingos a oito anos e oito meses de prisão pelo homicídio do ex-sogro, Luís Costa, que acreditava ter violado a filha, neta da vítima. O tribunal decidiu por uma pena "muito próxima do limite mínimo do crime do homicídio por ser sensível às motivações do arguido".
A juíza do Tribunal de Lisboa disse existir uma "probabilidade elevada de a filha do arguido ter sido violada, apesar de o inquérito a esses abusos ter sido arquivado, mas o Estado de Direito não permite que as pessoas façam justiça pelas próprias mãos e tirem a vida a outros".
No final da leitura de sentença, que decorreu esta quarta-feira no Tribunal de Lisboa, Bruno Domingos não conteve as emoções e chorou na direção da assistência, composta por familiares e amigos.
O crime ocorreu a 29 de janeiro do ano passado, em Marvila, Lisboa. Bruno Domingos dirigiu-se à casa do ex-sogro, Luís Costa, de 63 anos, para, segundo ele, esclarecer se tinha violado a sua filha quando esta esteve à sua guarda até 2018.
Disse estar embriagado, depois de ver o jogo Sporting-Benfica e, quando Luís lhe confirmou as violações, agrediu-o até à morte. Depois abandonou a casa e entregou-se às autoridades dias depois, quando soube da morte do sogro.
Lopes Guerreiro, advogado de Bruno Domingos, admitiu que vai recorrer da decisão, considerando que em causa está um crime de agressões agravadas pela morte do ofendido, cuja moldura penal é inferior ao crime de homicídio. "O Tribunal foi sensível à motivação do arguido, que não tinha a intenção de matar quando confrontou o ofendido, e por isso entendo que o crime não deve ser o de homicídio, mas de ofensas à integridade física agravadas pelo resultado morte".