BCP prepara venda a estrangeiros. Novo projeto acaba com praça e aposta em residências para estudantes.
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A requalificação do quarteirão de D. João I, no Porto, está parada. Para o local, onde antes existia a Casa Forte, foi anunciada, em junho de 2017, a construção do empreendimento Bonjardim City Block, mas o atual proprietário, uma sociedade gestora de fundos do BCP, está a tratar da venda a estrangeiros.
A obra, emparedada pelas ruas de Sá da Bandeira e do Bonjardim, e pela Travessa e Rua Formosa, foi interrompida há meses. O que existe é um enorme buraco, com cerca de 15 metros de profundidade, para futuramente acolher estacionamento e um piso comercial.
Mudando de dono, o projeto inicial, da autoria do arquiteto Alexandre Burmester, será alterado. As 90 habitações para acolher famílias darão lugar a residências para estudantes. Quanto à nova praça pública, no miolo do quarteirão, desaparecerá. A instalação do hotel é para manter. Tanto a obra, agora travada, como o projeto de Alexandre Burmester receberam a aprovação da Câmara do Porto, num longo processo iniciado em 2006, enquanto que as alterações, a efetuar pelos novos proprietários, ainda não terão dado entrada nos serviços da Autarquia. O JN contactou o BCP, mas não obteve respostas. Em 2017, o empreendimento imobiliário tinha sido avaliado em 27 milhões de euros.
Demora na transação
A transação do Bonjardim City Block deverá demorar algum tempo. Enquanto isso, a cratera a céu aberto, em pleno inverno, poderá apresentar alguns perigos.
Relativamente às negociações, há fatores que estão a emperrar a venda em definitivo. Um deles tem a ver com a validação da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) sobre a passagem do projeto para mãos estrangeiras. Também o facto da SRU ainda não estar a funcionar em pleno, após a saída da esfera do Estado e a passagem a 100% para a Câmara do Porto, não estará a ajudar. Falta saber, igualmente, qual será o entendimento da Autarquia acerca das mudanças no projeto.
Tanto as habitações como a praça eram grandes trunfos de Alexandre Burmester. Na apresentação, em junho de 2017, foi explicado que os 90 apartamentos visavam a "aposta em habitação efetiva para famílias", numa zona onde já predominava a "monocultura do alojamento local e das casas temporárias". A praça central, com quatro entradas, tinha por objetivo "devolver espaços à cidade" e a promoção de "novas dinâmicas".
Plano
Hotel com 150 quartos
No atual projeto, o hotel, virado para a Praça D. João I, foi pensado para 150 quartos. Já os apartamentos, "dotados de áreas generosas", foram concebidos para casais com alguma idade que querem espaço e comodidade.
Três pisos para estacionar
Naquilo que foi escavado e está à vista cabem três pisos para estacionamento subterrâneo, mais um destinado a comércio. A capacidade do parque dá para 600 automóveis.