A Orquestra Filarmónica Portuguesa vai ficar sediada em Viseu, no âmbito de um protocolo hoje celebrado com a autarquia, que tem como objetivo reforçar a formação de talentos e a criação artística.
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"As orquestras normalmente estão sediadas em Lisboa ou no Porto. Porque não também dar aqui um sinal de descentralização, neste caso sem qualquer interferência do poder central?", questionou o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques.
Segundo o autarca, a Orquestra Filarmónica Portuguesa ficará sediada no edifício do antigo Governo Civil de Viseu, tendo como condições fazer "dois concertos obrigatoriamente" por ano, e promover o ensino da música.
"O senhor maestro [Osvaldo Ferreira] encontrou aqui em Viseu um ecossistema muito conectado com esta vertente da música", frisou Almeida Henriques, lembrando que a cidade tem uma orquestra juvenil e um conservatório de música, e que a autarquia está apostada em disseminar o ensino da música por todas as escolas.
O autarca considerou que a decisão de sediar a orquestra numa cidade do interior do país "é uma atitude de generosidade", admitindo que "é sempre muito mais cómodo estar localizado em Lisboa e no Porto, porque está tudo à mão de semear".
"A autarquia vai ajudar e provar que é possível descentralizar a cultura e afirmar esta cidade", garantiu.
O maestro Osvaldo Ferreira sublinhou que, em Viseu, "não há uma intenção só de ter por ter, mas de criar algo que possa potenciar o futuro para os jovens".
"Se vão ser desportistas, que sejam desportistas que possam chegar aos jogos olímpicos. Se vamos ter aqui uma escola de música, vamos formar músicos que possam integrar as orquestras nacionais no futuro. Da mesma forma que tem uma companhia de dança que é uma referência", afirmou.
Segundo o maestro, "há alguns membros da orquestra que já são professores" no conservatório de Viseu, esperando que, no futuro, haja "uma ligação ainda maior com as entidades locais", nomeadamente com as escolas de música e a orquestra juvenil.
Osvaldo Ferreira contou que, em pouco mais de um ano, a Orquestra Filarmónica Portuguesa já percorreu o país inteiro e tem "uma agenda de mais de 30 concertos, só para este ano, e outros ainda a serem negociados".
Ao abrigo do protocolo hoje assinado, além dos dois concertos por ano, a Orquestra Filarmónica Portuguesa compromete-se a promover residências artísticas no âmbito da Academia Filarmónica, de forma a integrar jovens músicos com formação avançada de Viseu, e potenciar uma articulação estratégica com as escolas de música do concelho.