<p>Manter o rumo e esperar que o eleitorado não seja influenciado pela criação artificial de "casos". É assim, na linha de determinação que o primeiro-ministro gosta de evidenciar, que o PS responde à estratégia social-democrata de, diariamente, acusar o poder socialista de asfixiar a democracia. </p>
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Especificamente, em relação ao "caso Manuela Moura Guedes", a táctica socialista é a de responder com a insistência de que o PS não tem qualquer responsabilidade no que aconteceu na TVI. E aguardar que conclusão do processo de averiguações anunciado, com carácter de urgência, pela Entidade Reguladora da Comunicação (ERC), o confirme. Já na quinta- -feira, Sócrates tinha dado o tom da linha a seguir, com o desabafo: "Não quero que o meu partido seja prejudicado por uma decisão da empresa e espero que não seja penalizado nas urnas".
O sublinhado de que o PS nada tem a ver com o fim do "Jornal Nacional" da TVI viria a ser reforçado por Mário Soares ao acentuar que a decisão "é do foro exclusivamente empresarial e não de liberdade de Imprensa".
Resistir é, neste quadro, a palavra de ordem socialista para tentar neutralizar os danos provocados pelos "casos", sejam eles a TVI, as pressões ou o Freeport.
Em declarações ao JN, o ministro dos Assuntos Parlamentares e dirigente do PS, Augusto Santos Silva, fez questão de sublinhar a esperança de que o eleitorado saiba "distinguir e compreender essas tentativas de criação de casos".
Para essa esperança, contribuem os resultados, a maioria absoluta, obtidos por Sócrates, apesar de ataques personalizados dirigidos pelo PSD. E os socialistas também não se esquecem de lembrar aos sociais-democratas que a AD ganhou em 1979, apesar da campanha pessoal contra Sá Carneiro, por assumir publicamente a relação com Snu Abecasis, apesar de estar formalmente casado com outra mulher.
A esperança no eleitorado, mas em sentido contrário, é que também move os sociais-democratas.
A "denúncia da existência de asfixia democrática vai continuar a marcar o discurso da campanha eleitoral. Isso mesmo ficou provado pelas declarações de Aguiar Branco, ao fim da tarde de ontem, ao reafirmar que o episódio da TVI "é demonstrativo do clima de medo e de asfixia democrática que o PSD tem vindo a denunciar". A seguir, o vice-presidente do PSD mostrou-se convicto que "os portugueses tirarão as suas conclusões".
"A verdade é uma. Na Assembleia da República, o primeiro-ministro não disse a verdade toda sobre o negócio frustrado de compra da TVI pela Portugal Telecom", afirmou Aguiar-Branco, citado pela Lusa.
A resposta não demorou. Santos Silva negou que Sócrates tivesse faltado à verdade e reafirmou a ausência de responsabilidade dos socialistas no fim do "Jornal Nacional", caso que "objectivamente, não beneficia o PS".