O líder comunista recordou, esta quinta-feira de manhã, que Mário Soares foi "um dos responsáveis" pela existência do Bloco Central no país. Criticando a sua "evolução" pós-25 de Abril, destacou que aquele socialista "abriu a primeira fenda, na legislação laboral, com os contratos a prazo".
Corpo do artigo
Numa arruada por Algés, o cabeça-de-lista pelo círculo de Lisboa, foi questionado sobre o facto do antigo presidente da República ter admitido, na véspera, uma coligação entre PS e CDS e respondeu com acusações. "O doutor Mário Soares foi um dos responsáveis pela existência do Bloco Central. Nem sequer é novidade", comentou, a propósito, referindo-se, igualmente, ao facto de, numa entrevista publicada no "Acção Socialista", ter sugerido um acordo entre PS e PSD.
"Nem sequer é novidade. Só confirma que, neste momento, quem voto num destes três partidos está a votar num programa determinado pelo estrangeiro", declarou o líder comunista, elogiando, no percurso "muito longo de Mário Soares", o período "antes do 25 de Abril". Porém, "o mesmo não poderá dizer-se da evolução após o 25 de Abril", ressalvou, reforçando que "os homens evoluem".
Campanhas cruzadas
No entender de Jerónimo de Sousa, se há muitas situações más no nosso país, Soares deu um contributo" para elas, nomeadamente no que respeita à legislação laboral. "Abriu a primeira fenda com os contratos a prazo", destacou, referindo, igualmente, a extinção do 13º mês.
O candidato da CDU desvalorizou ainda o estudo que aponta para 750 mil eleitores fantasma, os quais poderão favorecer a Direita. "Sempre existiram muitos eleitores fantasma", respondeu.
Enquanto Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas, o mau tempo regressava. "Campanha molhada, campanha abençoada", brincou, a propósito.
Antes, a CDU visitou o mercado municipal, e recolheu várias críticas de comerciantes, não escapando a elas. "Quer que eu seja sincera consigo? Isto é ver quem rouba mais", disse-lhe Ermelinda Almeida. Mas, perante a insistência do candidato, acabou por afirmar que gostaria de ver o PCP no poder para saber "como irá comportar-se".
À saída, cruzou com a campanha do Partido Popular Monárquico, nomeadamente o líder Paulo Estevão e o presidente da Concelhia, Jorge Cirne. À conversa com eles, Jerónimo disse que "os partidos deveriam ter oportunidades idênticas, nomeadamente na divulgação da sua mensagem".