Arroches marcou o início da campanha socialista.
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A casa é "humilde", de gente "simples", mas ontem engalanou-se para receber uma visita especial: o primeiro-ministro José Sócrates decidiu arrancar oficialmente a campanha eleitoral com um (aparente) almoço de família, em casa de Francisco Trindade Figueira, homem de 60 anos, fiel ao PS, que há 16 preside aos destinos de Mosteiros. Uma pequena freguesia do concelho de Arroches, Portalegre, que não terá mais de 700 habitantes e que, nas legislativas de 2005, deu a maior votação do país ao líder socialista: mais de 70% dos votos.
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Só anteontem é que ficou confirmado que Mosteiros seria a primeira paragem da caravana socialista. Odete Figueira, 60 anos, mulher do presidente da junta, andou numa roda viva para ter tudo pronto a tempo e horas. "Tive que desmanchar a casa", confessou, ao JN, explicando que os sofás, por ocuparem muito espaço na sala, tiveram de ser levados para casa de uma vizinha. A mesa comprida foi trazida da junta, porque ali nem os almoços de Natal são tão concorridos: 14 pessoas à mesa, entre o primeiro-ministro, o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Ascenço Simões, o presidente da Câmara de Arroches, Gil Romão, e o cabeça de lista do PS por Portalegre, Miranda Calha. Todos lado a lado com a família Figueira.
"A gente fez da maneira cá da nossa terra", explicou Odete, desfiando a ementa, escolhida a dedo: sopa de feijão verde, "por ser desenjoativa"; "leitão à estrela", assado no forno com batatas; e "bacalhau à casa", frito com cebola, pimento e molho de vinagre. Não fosse o diabo tecê-las, e Sócrates não gostar de leitão, a família optou por fazer dois pratos diferentes. Para a sobremesa, uma mesa farta de frutas (fatias de ananás, laranja, manga, kiwi e melancia, dispostas em jeito de casamento) e doces típicos da região: arroz doce, enxarcada e sericaia. A acompanhar, uma reserva de vinho tinto da zona, de 2003.
Odete só se lembra de ter tido casa cheia assim no baptizado de um dos três filhos, já lá vão mais de 20 anos. Por isso, não admira que revelasse um nervoso miudinho enquanto esperava por Sócrates, que acabou por chegar com mais de uma hora de atraso. Ainda assim, toda a família garantia que foi "com muito gosto" que abriram as portas de casa ao líder socialista, a quem desejam vitória nas eleições de dia 27. À chegada, Sócrates explicou que escolheu o interior do país para arrancar a campanha "porque o PS é um partido nacional" e disse vir "agradecer" a confiança que o autarca e as gentes de Mosteiros sempre lhe confiaram. "Quero fazer tudo para estar à altura dela", disse, subindo depois para o quintal da pequena casa, onde era evidente alguma falta de à vontade por não se conhecerem. Após o almoço, a comitiva foi tomar um "cafezinho" ao Café Estrela, o mais central da freguesia, e Sócrates, de jeans e mangas de camisa arregaçadas, distribuiu apertos de mão e beijinhos.