Hermínio Loureiro: "Voltou a ficar demonstrado que somos melhores do que a Grécia"
Flash interview com Hermínio Loureiro, 44 anos, ex-presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional
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Portugal arrancou com um empate a zero contra a Costa do Marfim. Amarelo para Queiroz?
Julgo que sim. Esta exibição não foi condizente com o valor da nossa Selecção. Estivemos abaixo das nossas possibilidades.
O seleccionador disse que não haveria "espaço para errar" neste jogo. A culpa foi do relvado, da bola, do vento, da chuva, das vuvuzelas...?
As vuvuzelas não ajudaram de certeza. Porque não ajudam ninguém. Mas julgo que o que faltou à nossa selecção foi velocidade. Portanto, a responsabilidade é mesmo de todos os elementos envolvidos.
Foi isso que foi pedindo na sua página do Facebook: "mais velocidade, mais atrevimento, mais ambição". A primeira parte do jogo pareceu-lhe uma canção de embalar?
Não. Os primeiros minutos pareceram-me uma música interessante, com um ritmo forte. Aliás, estremeceu com aquele remate fantástico de Cristiano Ronaldo ao poste. Mas, depois disso, entrámos numa música algo lenta que não é apropriiada em jogos de uma fase final de um campeonato do mundo.
Mas esse remate de Cristiano Ronaldo foi logo nos primeiros dez minutos de jogo. E a verdade é que ele voltou a não conseguir marcar. O ketchup continua entupido?
Faltaram muitas coisas para além do ketchup. E o esforço de Cristiano Ronaldo merece ser destacado, porque ele tentou que as coisas corressem melhor à nossa selecção.
Deco tinha dito que o primeiro jogo era mais importante que o último. Viu-o a agir de acordo?
O Deco fez uma exibição triste. Ou melhor, pouco alegre.
E Danny, deu por ele?
Não foi só por ele que eu não dei. Também não dei pelo Liedson e por outros.
Drogba entrou ao minuto 65. Afinal, não era caso para ter tanto medo dele?
Hmmm... Eu sempre disse que a Costa do Marfim ia jogar com onze jogadores. Com Drogba ou sem ele. E que Portugal não precisava de se perder com essa questão. Era indiferente se ele jogasse ou não.
Ainda assim, a Costa do Marfim pareceu sempre perto do golo. Pelas suas contas, quantos poderia ter marcado?
Portugal podia ter marcado um golo pelo Cristiano Ronaldo. E a Costa do Marfim podia ter marcado outro pelo Drogba, já na parte final.
Só contou uma oportunidade de golo para a Costa do Marfim?
Sim, sim, sim. O empate foi o resultado certo.
Começou a afundar o barco dos navegadores?
Não! Os navegadores têm que encontrar a energia, a força, a ambição. E têm que ter coragem, como sempre tiveram os nossos homens dos Descobrimentos.
Mas o que sobra agora? Portugal dificilmente ganhará ao Brasil, sobra a Coreia do Norte...
Quem lhe disse isso?! Quem lhe disse que Portugal não ganha ao Brasil?! Estamos a falar antes de a selecção brasileira ter jogado [ontem, contra a Coreia do Norte], mas essa selecção já não é o que era.
Estamos condenados a ser comparados à Grécia, até no futebol?
Nós estamos melhores do que a Grécia. E também hoje [ontem]isso voltou a ficar demonstrado. A Grécia entrou a perder; nós entrámos empatados. Ou seja, é muito bom entrar a ganhar, mas não é tão mau entrar empatado.