De Alegre, Costa recebeu um abraço, ao início da noite, quando ainda não sabia que teria maioria absoluta de mandatos. E um outro de Sócrates, depois de cantar vitória e de dizer que BE e CDU perderam ao não querer unir-se sob a sua liderança.
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"Esta candidatura teve, hoje, um resultado histórico ao alcançar a maioria absoluta", disse António Costa, após saber que havia ganho a maioria de mandatos na Câmara - com nove vereadores contra sete da lista de Santana Lopes e o lugar de Rúben de Carvalho, da CDU - e a Presidência de 39 das 53 freguesias da cidade.
"Pela primeira vez, desde 1976, a Direita coligada é derrotada na Câmara de Lisboa", disse o autarca reeleito, que fez questão de dedicar a vitória a dois amigos entretanto falecidos: o seu chefe de gabinete e jornalista, Armando Rafael, e o actor Raul Solnado.
O vencedor assegurou, ainda, que a coligação Unir Lisboa irá "trabalhar sem exclusões e com todos para servir o povo de Lisboa", e aproveitou para lançar uma farpa ao PCP e ao BE, que se excluíram da aliança. Sobretudo aos bloquistas que, tendo eleito, em 2005, José Sá Fernandes, lhe retiraram a confiança política após as eleições intercalares de 2007. José Sócrates, que deixara a sede nacional do PS, a poucos metros, para ir dar um abraço ao seu ex-ministro, ouviu o discurso no bar do primeiro andar do hotel.
Terminava, assim, uma noite animada para "entourage" rosa que se reuniu - como é norma - no 13.º andar do hotel lisboeta, mas muito enfadonha para os que esperavam conhecer resultados.
No bastião socialista, coube ao líder da Concelhia, Miguel Coelho - que a cada meia hora descia ao rés-do-chão do hotel para revelar as freguesias onde Costa ganhara na votação para a Câmara -, ser o mestre-de-cerimónias. Para animar as hostes e porque o apuramento estava a ser lento, bradou pelas 23 horas: "Esta é uma grande vitória. É mesmo o melhor resultado de sempre do PS em eleições autárquicas em Lisboa".
Exortações dirigidas às dezenas de apoiantes presentes na cave - Maria Antónia Palla, mãe de António Costa, sentou-se na primeira fila -, a maioria dos quais alheada da maior preocupação entre os candidatos: se o número de vereadores eleitos permitiria a Costa governar sem estar refém de uma outra força política.
Um empate com Santana a oito vereadores ou ficar em minoria na Assembleia Municipal não era de todo agradável. E Costa só deixaria o 13.º andar - onde esteve das 18.30h até depois da uma hora da madrugada - para falar quando o resultado fosse inequívoco. Contentes estavam muitos apoiantes por o BE não ter eleito qualquer representante. "Olha que pena!", ou "Bem feito! Não quiseram entrar na coligação!", diziam.
Os actores Pedro Lima, Maria José Pascoal, Márcia Breia e Rogério Samora, a escritora Inês Pedrosa ou o musicólogo Rui Vieira Nery foram alguns presentes no Altis. Do PS: Vera Jardim, José Magalhães, Vital Moreira, Edite Estrela, Manuel Pinho, Maria de Belém e Manuel Alegre, o qual confessou que, dado o abraço a António Costa, não ia ao Largo do Rato, mas para casa.
À saída, Alegre atribuiu a vitória "ao carácter de abertura, não sectário" e "ao espírito de tolerância" da candidatura. "A pluralidade só enriquece", concluiu, aludindo ao facto de Costa ter concorrido coligado com o movimento Cidadãos por Lisboa, de Helena Roseta, ou a associação Lisboa é de Muita Gente, de Sá Fernandes.