<p>Uma manhã passada nos lençóis, ontem, foi paradigma do que tem sido o contacto de Manuela Ferreira Leite com o mundo empresarial. Passe a circunstância de a visita à fábrica Sampredro - Lordelo, Guimarães - ter sido à porta fechada por exigência da empresa, fica a nota de a líder privilegiar o contacto com os empresários e com as suas associações. Tem sido regra, nas visitas que fez a outras unidades industriais, não procurar a conversa com trabalhadores, e nunca há contacto formal com os sindicatos, não obstante as fortes tendências sindicais vinculadas ao PSD.</p>
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Assim terá sido a visita que não vimos, o que pouco importará. Mais significativo será o alerta ali feito, comum aos empresários do Vale do Ave, de que factores como a "concorrência desleal" de economias como a chinesa, a indiana, a turca ou a paquistanesa, a par de algum alheamento do Estado português, poderem desencadear uma crise social sem precedentes, decorrente do fecho de empresas.
Assim alertou o presidente da Federação da Indústria Têxtil, José Alberto Robalo. Não será o caso da fábrica ontem visitada, que tem conseguido encontrar novos mercados para os seus produtos, mas, uma vez mais, viu-se um encaixe perfeito nas linhas programáticas de Ferreira Leite. "Este é um sector que nos leva a ter enormes preocupações, porque são milhares de postos de trabalho que estão em causa", disse a líder do PSD à saída.
Lá voltou o discurso das pequenas e médias empresas, que são a principal componente do tecido produtivo da região e que, na óptica social-democrata, devem ser apoiadas, na medida em que são a entidade promotora de emprego. Mas continuou a faltar, ali, como numa fábrica de tinturaria em Barcelos ou numa cooperativa leiteira em Oliveira de Azeméis, contacto com trabalhadores. Continua a faltar, quando tanto se fala em desemprego, o contacto com os desempregados. Continua a faltar, portanto, algo simples como uma descida à terra.