<p>A participação não estava anunciada, mas a presença de Mário Soares, ontem, domingo, num piquenique promovido pelo PS no Parque 25 de Abril, em Matosinhos, entusiasmou as muitas pessoas que lá se encontravam, em grande parte atraídas pela comida de borla - febras e sardinhas assadas, pão, broa, pimentos assados e farturas à discrição. Todos queriam dar beijinhos e abraços ao fundador do PS, que carinhosamente tratavam por "o nosso velhinho".</p>
Corpo do artigo
Soares chegou primeiro e esperou por Sócrates para entrarem juntos no recinto. A caminhada de poucas dezenas de metros até ao palco foi feita em verdadeira euforia, com dezenas de pessoas com bandeiras nas mãos a rodearem-nos e a gritarem "PS". "Contigo vamos para a frente, Zé", "vamos derrotar a Direita" e "vamos embora, José Sócrates" foram algumas das frases que acolheram o líder do PS à chegada e que levaram Guilherme Pinto, presidente da Câmara de Matosinhos e candidato do PS, a admitir que "a maré está a encher". Entusiasmado, o autarca repescou o slogan que, em 1986, celebrizou a primeira candidatura de Soares à Presidência da República e adaptou-o aos dias que correm: "Sócrates é fixe", gritou, com o povo a repetir o slogan várias vezes.
Sócrates agradeceu a Soares a presença na "terra do povo socialista" - a agenda indicava apenas que o fundador do PS estaria no comício da noite no Porto - e garantiu que "o PS está todo unido nesta campanha", que reúne "todas as gerações" do partido. Depois, dirigiu-se aos populares presentes no Parque 25 de Abril: "Se este não é o povo, onde é que está o povo?". A pergunta induzia resposta: "É nestes momentos que se vê que o PS é um grande partido popular".
Sócrates confessou sentir que "a campanha tem vindo a crescer em entusiasmo". "Eu vejo isso nos olhos das pessoas", disse, passando depois ao discurso do costume - enumerar, uma a uma, as medidas de apoio social tomadas pelo Governo ao longo dos últimos quatro anos - para pedir uma "concentração de votos no PS". "Faço-o em nome do Estado social, do investimento público e do papel do Estado na economia", disse.
Acabados os discursos, os ilustres abandonaram o recinto e o povo socialista continuou animado no seu piquenique, com tudo o que tinha direito: muita comida, bebida e música popular de fartura, havendo até quem se atrevesse a um passo de dança.
Lurdes Costa, 67 anos, residente em Matosinhos, não ousou a sair do local onde estava sentada. Tinha vestida uma t-shirt azul com o slogan "Põe-te a mexer" e teve receio de ser "mal interpretada". Não, ela até é "do partido", mas ontem de manhã participou numa acção desportiva do programa da autarquia "Põe-te a mexer" e não conseguiu arranjar uma t-shirt da caravana, "Avançar Portugal", para vestir. "Não posso ficar aqui em sutiã", dizia, brincando.